Se a população não colaborar, a epidemia de dengue que atinge a capital desde o início do ano tende a se repetir. Com capacidade de resistir a mais de 400 dias em local seco, os ovos do mosquito transmissor podem eclodir em larvas no próximo período chuvoso.
E Belo Horizonte está infestada do mosquito transmissor. Levantamento do Índice Rápido do Aedes aegypti (LirAa) de março, divulgado na sexta-feira (12) pela Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), apontou que 3% dos imóveis pesquisados têm focos. Acima de 1%, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), há risco de epidemia.
No LirAa de janeiro, 1,9% dos imóveis tinham Aedes aegypti. O secretário Municipal de Saúde, Marcelo Teixeira, destacou que 80% dos focos do mosquito estão dentro dos domicílios habitados.
“A ação de cada cidadão é fundamental para reduzir o número de pessoas infectadas. O ideal seria que todos dedicassem dez minutos diários para verificar possíveis locais de foco, como bebedouros de animais, calhas entupidas e jarros de plantas”, alertou o secretário.
O número de pessoas infectadas pela doença também cresceu. De acordo com a SMSA, atualmente, a capital tem 10.180 casos de dengue confirmados, sendo três hemorrágicos.
Mais uma morte
Na semana passada havia 8.790 casos confirmados. Até agora, três pessoas morreram em consequência da dengue. A última morte foi registrada no dia 30 de março. Um idoso de 67 anos com diagnóstico de febre hemorrágica de dengue, morador da regional Norte, não resistiu à doença.
O secretário também citou as condições climáticas para justificar o aumento do LirAa. Segundo ele, apesar da escassez de chuvas, a temperatura mínima média registrada no início do ano foi superior ao mesmo período de 2012. “A elevação da temperatura provoca a aceleração do ciclo reprodutivo do mosquito da dengue, que passa de 23 para 12 dias. Além disso, o período de incubação da fêmea contaminada é reduzido, ou seja, o inseto passa a disseminar o vírus em menos tempo”, explicou.
Para combater o avanço da dengue na capital, o Ministério da Saúde deve autorizar, até o meio do ano, o uso de um novo biolarvicida. De acordo com a SMSA, o produto é de fácil aplicação e tem como principal característica agir por um período de tempo maior. Os produtos utilizados atualmente para matar o mosquito e destruir os focos estão sendo testados pela Fiocruz, pois há indícios de que os insetos tenham criado resistência.
Também estão em andamento projetos de mobilização social voltados para conscientizar a população, nos locais em que há maior infestação do mosquito transmissor, como nas regiões Norte e Nordeste, as mais afetadas.
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