Alternativa para abastecimento da Grande BH também sofre com escassez

Ricardo Rodrigues - Hoje em Dia
30/01/2015 às 07:33.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:50
Estação de captação de água no rio Jaboticatubas está em alerta de escassez hídrica (Flávio Tavares/Hoje em Dia)

Estação de captação de água no rio Jaboticatubas está em alerta de escassez hídrica (Flávio Tavares/Hoje em Dia)

Apontado como o local para a construção de um reservatório para abastecer a Região Metropolitana de Belo Horizonte, afastando o risco de desabastecimento no futuro, o rio Jaboticatubas, localizado no município de mesmo nome, sofre hoje com a falta de água. O afluente do rio das Velhas está com o nível abaixo do normal. Na avaliação do vice-prefeito da cidade, Umbelino José, o rio não tem vazão para receber uma grande represa.

A hipótese de represar o Jaboticatubas foi aventada pelo governador Fernando Pimentel na última segunda-feira. “Não existe Estudo de Impacto Ambiental para saber os prós e contras. Desde que não haja grande impacto, estamos prontos para ajudar e receber ajuda. A prefeitura está sensibilizada com a questão e apoia a realização de estudos criteriosos”, ponderou Umbelino.

O Jaboticatubas exibe sinais de degradação, como o assoreamento causado pelo desmatamento das margens, extração de areia, agropecuária e o turismo. Segundo o vice-prefeito, a falta de água no rio decorre do rebaixamento do lençol freático em 11 poços artesianos. Dessa forma, as bombas não conseguem captar o recurso natural.

Preocupante

De acordo com o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), o rio tem vazão mínima média de 2,9 metros cúbicos por segundo e vazão média padrão de 6,6 m³/s. Os dados preocupam o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, Marcos Vinícius Polignano. “A discussão não pode ser pontual. Precisamos de diagnósticos precisos e de pactuar as soluções com os comitês de bacia”, defende.

Segundo ele, represar o curso d’água pode comprometer ainda mais a demanda. “O Jaboticatubas ajuda a limpar a degradação causada no Velhas. É preciso pensar a bacia hidrográfica como um todo. Medidas estruturais precisam ser analisadas conforme a complexidade dessa bacia”, avaliou. “Se a vazão está ruim para a capital, imagine para as demais cidades que dependem da bacia do Velhas, que compreende 51 municípios, alimenta atividades econômicas dessas populações e o rio São Francisco”, observou.

A intenção do governador pegou de surpresa o analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), José Geraldo Araújo, que afirma desconhecer propostas nesse sentido. Segundo ele, parte das nascentes que abastecem o Jaboticatubas está dentro do Parque Nacional da Serra do Cipó. “É preciso verificar os impactos e se são compatíveis com a unidade de conservação. Não temos informações detalhadas do rio sequer no plano de manejo do parque”.

Para Francisco Mourão, biólogo da Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda), o governo estadual deve buscar mais de uma alternativa para resolver a situação e realizar estudos para decidir o que irá fazer, levando em conta as características ambientais da bacia hidrográfica. Ele defende a criação de unidades de conservação para a proteção dos cursos d’água. “Está havendo um descaso com os mananciais”, afirmou.
 

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