Ansiedade, correria e atrasos marcam primeiro dia do Enem em BH

Raquel Ramos e Lady Campos - Do Hoje em Dia
03/11/2012 às 19:55.
Atualizado em 21/11/2021 às 17:51

(Luiz Cosrta)

Em meio aos boatos de cancelamento espalhados pelas redes sociais, o primeiro dia de prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) transcorreu sem grandes transtornos em Belo Horizonte e no restante do Brasil.

Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e outros dois locais no país sofreram queda de energia durante a avaliação. Entre 13h49 e 13h54, os estudantes mineiros fizeram o teste sem luz, mas como as salas eram claras, não houve necessidade de prorrogar o tempo de prova. A Cemig informou que a queda de energia foi provocada por um problema no circuito que alimenta o campus.

Na portaria da UFMG, na avenida Antônio Carlos, o movimento de carros era intenso nos minutos antes da prova, mas não chegou a ter grandes retenções.

A ausência de documentos de identificação também impediu que outros estudantes fizessem o exame. Portanto a carteira de habilitação com data vencida, Gustavo Tavares, de 19 anos, foi barrado ainda na portaria. Isabela Maris Moreira, de 22 anos, chegou a sentar na mesa da sala onde faria a prova, mas percebeu que tinha esquecido a RG em outra bolsa e foi embora sem fazer o Enem.

 

                              

    a entrada do campus da UFMG na Pampulha, candidatos se dirigiam aos locais de provas (Foto: Flávio Tavares)

 

Também os candidatos que prestaram a prova no prédio 1 do Instituto de Educação (rua Pernambuco, 47, bairro Funcionários), não esconderam o nervosismo e a ansiedade momentos antes de entrar no local.

Sentada na escadaria em frente à porta de acesso ao prédio, a candidata ao curso de Direito, Rúbia Ketlyn Oliveira Magalhães, de 17 anos, mal conseguiu falar com o Hoje em Dia. Acompanhada do pai, o militar Rogério dos Santos Magalhães, de 42 anos, a garota tinha as mãos geladas e o olhar fixo.

“Estou com muito medo misturado com ansiedade de fazer a prova pela primeira vez”, confessou Rúbia, que pode contar com as palavras de incentivo do pai. “Vim para conversar e espantar o nervosismo, mas é grande a expectativa de tudo dar dar certo e ela conseguir uma vaga na Federal (UFMG)”.

Entre as estratégias para fugir da ansiedade durante o exame, Rúbia disse que ficaria atenta às questões faltantes, mas não iria conferir as respostas. “A minha professora do colégio Tiradentes me falou que quando tiver certeza da resposta, não vale a pena olhar novamente a questão porque pode gerar dúvida”.

Silvana, de 52 anos, e Stayse Soares de Almeida, de 18, respectivamente mãe e filha, chegaram juntas e com uma hora de antecedência para prestar o exame no Instituto de Educação. “Ter a mãe do lado da gente dá mais segurança”, assegurou Stayse, que pela segunda vez tenta o exame na expectativa de cursar enfermagem. Silvana, que está no segundo período de Arquitetura na Faculdade Isabela Hendrix, esboçou tranquilidade. "Estou calma porque estou fazendo o Enem de novo para conseguir bolsa".

Ansiedade e concentração

Com identidade e cartão de confirmação nas mãos, a manicure Samila Soares, de 25 anos, preferiu apenas levar uma garrafa de água. “Não consigo fazer prova e comer porque posso me desconcentrar”, disse a candidata que foi fazer o Enem acompanhada do namorado Gildênio José, de 37 anos. “Sou supersticiosa em algumas coisas, mas hoje não trouxe nada para me proteger e sei que Deus está comigo em todos os instantes”, acrescentou.

Mãos trêmulas e sem esconder a ansiedade para entrar na sala de prova, Thales Henrique Guimarães Galvão, de 18 anos, foi acalmado pela amiga Stefany Greice Silva, de 17 anos. “Somos vizinhos no bairro Guarani e viemos de metrô lendo sobre Rio +20 e usina Belmonte. Um dá força para o outro”, disse Stefany.

Depois do alarme anunciando que a porta de acesso ao prédio 1 do Instituto de Educação seria fechada, a funcionária identificada como Ana Paula disse para o Hoje em Dia: “Tomara que todos os candidatos que vão fazer prova já estejam lá dentro”.

 

                            

                               Samuel Pereira Pinho: “Fazer o quê? Ano que vem tem mais” (Foto Luiz Costa)


Cinco minutos depois, o estudante Samuel Pereira Pinho, de 21 anos, chegou afobado e deparou-se com a porta fechada. “Fazer o quê? Ano que vem tem mais”, disse em tom bem-humorado o rapaz que estuda Engenharia Civil na UniBH. Sobre o motivo do atraso, ele informou que o trajeto do bairro Tupi, onde mora, para o centro da cidade foi tumultuado. “Tive que pegar um outro ônibus na avenida Paraná para chegar até aqui, mas o trânsito tava bastante congestionado e não deu tempo”, lamentou.

Lucro para ambulantes

O Enem foi também a oportunidade de ambulantes lucrarem com o esquecimento dos participantes. Roneida Nascimento dos Santos vendeu por R$ 2 quase uma caixa inteira de caneta preta com bojo transparente. Ainda assim, ela reclamou que o movimento foi baixo. “Em relação aos anos anteriores, vendi pouco. Parece que o pessoal estava mais preparado”.

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