Apaixonados por coleções de revistas em BH

Danilo Emerich - Hoje em Dia
22/09/2014 às 07:25.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:18
 (Frederico Haikal)

(Frederico Haikal)

A paixão do dentista Gotardo Novais Diniz, de 55 anos, pelo futebol, não se restringe a acompanhar os jogos do time preferido. Ele guarda a sete chaves a primeira edição da Revista Placar em um quarto exclusivo para um acervo de mais de 5 mil exemplares.

A coleção conta também com outras publicações esportivas raras, da década de 1930. Diniz é apenas um dos centenas de colecionadores de revistas em Belo Horizonte. São pessoas que, em plena era digital, preferem a nostalgia contida nas páginas impressas.

A capital tem três lojas que se destacam na comercialização de revistas antigas – uma na rua da Bahia, outra no Edifício Maletta, e também no Edifício Central, na Praça da Estação.

Ao entrar em qualquer uma delas é impossível não voltar no tempo ao avistar antigos quadrinhos como Tex, Tarzan, Zorro, Superman, Batman, Tio Patinhas ou X Men, entre outros títulos. Publicações já extintas, como Cruzeiro e Manchete, também provocam o mesmo efeito.

Sócia de uma loja especializada, Vanda Consolação disse que, além dos gibis, as publicações mais procuradas são as revistas Cruzeiro, Manchete, Playboy, Placar e a Capricho Fotonovelas. Foto: Eugênio Morais/ Hoje em Dia

Proprietário de uma loja, Arlênio Passos, o “Nelinho”, disse que existem cerca de 50 grandes colecionadores de revistas em BH, com acervos entre 5 mil a até 20 mil exemplares, principalmente de quadrinhos.

“São pessoas reservadas, em geral, homens mais velhos, de bom poder aquisitivo. Geralmente, escondem as coleções, por medo de o hobby ser confundido com imaturidade”, explicou.

Nelinho mostra o item mais valioso da loja: a primeira edição de “Fantasma”, de 1953, avaliada em R$ 300. “Tenho cliente que liga todos os dias procurando novidades. A internet reduziu o público, mas ajudou a encontrar, comprar e vender revistas antigas”, afirmou.

Hobby atinge pessoas de todas as idades

Para o dentista Gotardo Diniz, nada substitui o prazer de manusear e ler os impressos. “O acesso é mais fácil pela internet, mas não é a mesma coisa”, afirmou. Ele começou a colecionar exemplares em 1970 e também guarda edições da Revista do Esporte, Gazeta Esportiva Ilustrada e Manchete Esportiva. “As reportagens eram diferentes. Mostravam até a casa dos atletas ao lado de eletrodomésticos, que eram novidade na época”, afirmou.

O contador José dos Santos, de 63 anos, prefere os quadrinhos de faroeste das década de 1950 e 1960. Com 2 mil exemplares, ele se diz um pequeno colecionador. “Compro uma a cada semana, leio e guardo em um armário. Quando criança, antes de colecionar, vendíamos os gibis para pagar a entrada nos cinemas de BH”, lembrou.

Engana-se quem acha que jovens não se interessam por guardar revistas. O estudante Heberton Maciel Meira, de 27 anos, recomeçou uma coleção após vender o próprio acervo de quadrinhos. Agora, quer focar nos gibis em japonês, conhecidos como mangás.

“Na internet, apenas se lê. Já a versão impressa tem um apelo sentimental maior”, disse.

Heberton retomou sua coleção e agora quer focar nos gibis em japonês, conhecidos como mangás. Foto: Eugênio Morais/ Hoje em Dia

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