Após denúncia de torturas, internos pedem para sair de casa terapêutica

Girleno Alencar - Do Hoje em Dia
Publicado em 24/01/2013 às 07:05.Atualizado em 21/11/2021 às 21:01.
 (Dione Afonso/Hoje em Dia)
(Dione Afonso/Hoje em Dia)

MONTES CLAROS – Depois de ex-internos denunciarem casos de tortura na Comunidade Terapêutica Resgatando Vidas, em Montes Claros, quarta-feira (23) foi a vez de pacientes ainda em fase de tratamento contra dependência química confirmarem as agressões.

A instituição – que é particular e cobra até R$ 1.100 mensais em uma terapia de seis meses – é suspeita de promover sessões de maus-tratos e também dopar os pacientes com medicamentos pesados. Segundo denúncias, quem não se adequa às regras rigorosas é levado a um quarto destinado às agressões ou mesmo colocado em uma caixa d’água nos fundos da chácara onde funciona a comunidade terapêutica, no bairro Independência.

Desde terça-feira (22), uma força-tarefa formada por órgãos do Estado e da prefeitura investiga a clínica.

Nesta quarta, um interno atestou as agressões. Edno Ricardo Lima Rocha, que está no local desde dezembro, aproveitou que a mãe foi levar material de higiene e fez várias acusações. Chorando, o jovem pediu a ela para retirá-lo do local e levá-lo para outra comunidade terapêutica.

A mulher entrou em desespero. “Meu filho é muito manipulador”, afirmou. Ela prometeu discutir o assunto com a família e tomar uma providência ainda na quarta. O rapaz foi levado de volta à clínica.

RETIRADO

Outro interno, cujo nome foi mantido em sigilo, também confirmou a situação de maus-tratos e tortura. Ele mostrou que sua família teve de assinar um contrato de seis meses de tratamento, inclusive dando cheque caução. O Conselho Municipal Antidrogas foi acionado e procurou a família, que retirou o interno do local.

O Ministério Público deu um prazo de dez dias para que a direção da clínica apresente os prontuários dos internos.

Um dos monitores defendeu o estabelecimento. “A disciplina é rigorosa e uma das punições é deixar quem comete faltas sem fumar, mas não há nada de violência”, afirmou Mauricio Silva.
 

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