SUL DE MINAS

Após dois anos, festa de São Benedito volta às ruas de Machado

Rodrigo Oliveira
30/08/2022 às 17:25.
Atualizado em 30/08/2022 às 17:28
 (Maurício Vieira/ Hoje em Dia)

(Maurício Vieira/ Hoje em Dia)

Depois de dois anos sem celebrar a festa de São Benedito, por conta da pandemia da Covid-19, a população de Machado, no Sul de Minas, voltou às ruas com as cores e sons do congado. Iniciado no último dia 19, a 106ª edição do evento termina nesta terça-feira (30), com a celebração do Dia do Congo e a descida do mastro e da bandeira. 

A comemoração é considerada patrimônio cultural imaterial do município. Em 2020 e 2021, as congadas foram feitas apenas por meio de lives. Neste ano, durante os 12 dias de festa, o evento contou com programação religiosa, praça de alimentação, feira livre com 200 comerciantes e até show da banda Fundo de Quintal.

Vinte e quatro ternos (grupos divididos por trajes e com nomes próprios) se apresentaram durante a programação. A costureira Marta Paulino, de 45, nasceu e vive na cidade, mas só começou a dançar há cerca de quatro anos. Ela faz parte do Viva São Benedito! e aderiu às apresentações por causa dos filhos. 

“Eles começaram a gostar da festa e queriam participar, então acabei entrando também. O Rafael, de 11 anos, faz parte do mesmo terno. Já o Pedro, de 19, faz parte de outro. Acontece muito de cada um se identificar com um terno, mas, no final das contas, todas as famílias acabam celebrando juntas”, afirma. 

José Luiz, de 52 anos, estreou como capitão neste ano, assumindo a função que era do pai, José Aparecido, ausente por conta de uma doença. Luiz é capitão do terno 3 Santos, em homenagem a São Benedito, Nossa Senhora do Rosário e Santa Efigênia. 

Na função, ele escolhe certos aspectos da apresentação, como roupas e músicas que serão tocadas. “É uma cultura que representa a riqueza da nossa cidade e valoriza a nossa origem africana”, diz. 

Para Luciano Campos Cabral, pároco da paróquia Sagrada Família e Santo Antônio, além de resgatar a cultura local e fortalecer a religiosidade dos habitantes, a festa é uma forma de celebrar a diversidade e a igualdade racial. 

“Por muitos anos os negros ficavam à margem e não puderam entrar na igreja ou participar das celebrações. Hoje, com todos juntos nas ruas, a mensagem é de fraternidade, inclusão e celebração de todas as culturas”, diz. 

O prefeito de Machado, Maycon Willian da Silva, comemorou o retorno às ruas após a pandemia. “Realizamos as duas últimas edições por meio de lives, então havia muita expectativa para a volta do presencial”, afirma. 

Ele também reforça a importância do evento no fomento à economia. “Os hotéis estão cheios e as pessoas aumentam o consumo na cidade. Cultura é investimento, não é gasto. Tudo isso volta para a cidade de alguma forma”, aponta.

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