Assaltantes agem livremente na avenida Nossa Senhora do Carmo

Alessandra Mendes e Rosildo Mendes - Hoje em Dia
14/02/2014 às 06:33.
Atualizado em 20/11/2021 às 16:01

(Carlos Rhienck - Hoje em Dia)

Quem mora, trabalha ou simplesmente trafega nas imediações da avenida Nossa Senhora do Carmo, uma das mais movimentadas da zona Sul de BH, convive diariamente com a violência e o medo. As ocorrências de roubos são constantes e já provocaram a mudança de comportamento das pessoas, diante da falta de segurança.   Na última quinta-feira (13), dois homens de moto tentaram assaltar um casal que estava em um Jeep, próximo à avenida Uruguai. Um dos bandidos atirou contra o veículo, mas ninguém se feriu. A motocicleta foi arrastada pelo carro até a avenida do Contorno, onde ficou caída. Os suspeitos fugiram.   Para evitar os assaltos, cuidados como andar com o vidro do carro fechado e não levar objetos de valor ou documentos originais em bolsas e carteiras já viraram rotina. Não é difícil encontrar, na área do cruzamento da via, no acesso para o bairro Belvedere, quem já tenha sido assaltado, conheça alguém que foi ou tenha presenciado um crime.   “Já vi pessoas sendo roubadas nos carros parados nos sinais, nos pontos de ônibus e até dentro dos coletivos”, contou uma mulher que trabalha na região e pediu para não ter o nome revelado.   A colega dela, grávida de 7 meses, tem que andar até um local distante para pegar ônibus em segurança. “Todo mundo sabe e ninguém toma providência. Temos que mudar nossas vidas porque não é seguro sair na rua. Isso é um absurdo”, afirmou a mulher, de 31 anos. As duas trabalham em uma loja que já foi roubada duas vezes nos últimos três meses.   E a situação não é diferente para quem anda de carro. O veículo que, na teoria, traz certa segurança para o ocupante, não intimida os ladrões. “Há poucos dias presenciei um assalto neste sinal que dá acesso ao Belvedere. O bandido estava com uma arma, levou tudo do motorista, e ainda saiu sacudindo o revólver no meio dos carros”, relatou Antônio Marques, de 63 anos, que mora na região.   O jeito é manter os vidros fechados. “Se não for assim, eles enfiam a mão e pegam o que tiver. Passamos muito calor e, ainda assim, corremos risco”, alegou o motorista Milton Vasque, de 60 anos.   Tudo isso acontece bem ao lado de um Posto de Observação e Vigilância (POV) da PM, que fica na entrada da favela Morro do Papagaio. Durante as duas horas em que a reportagem do Hoje em Dia ficou no local, na última quinta-feira (13), nenhum policial foi visto no posto, que tem ares de abandonado. Tempo mais do que suficiente para que vários roubos sejam cometidos.   “Quando fui assaltado no mês passado levaram celular e mochila, chamei a polícia, mas falaram que não podiam fazer nada, além do registro. Falta policiamento constante, só assim os ladrões iam ficar inibidos de abordar todo mundo em plena luz do dia”, afirmou um estudante de 22 anos, que preferiu não se identificar.   PM admite aumento dos crimes no local   A Polícia Militar admite o aumento no número de assaltos nas imediações da avenida Nossa Senhora do Carmo, mesmo sem ter estatística formal.   “Sabemos que houve um aumento grande de roubos à mão armada contra pedestres e motoristas nessa avenida. Por isso, intensificamos as operações que começam sempre às 7h e vão até as 23h”, afirmou o comandante do 22º Batalhão, tenente-coronel Eucle Figueiredo Onorato Júnior.   O militar garantiu que, desde o início desta semana, o policiamento ao longo da via, entre a Savassi e o Belvedere, foi reforçado para tentar conter os assaltos.   Mas a falta de policiamento justifica a sensação de insegurança de quem mora ou trabalha na região, como o fato de não haver um militar no Posto de Observação e Vigilância (POV).   O comandante disse que vai verificar o motivo pelo qual o POV ficar vazio por cerca de duas horas na tarde da última quinta-feira (13). “Sempre há policiais lá. Vou verificar, mas acredito que eles precisaram registrar um Boletim de Ocorrência (BO) ou fazer alguma ronda na região”, justificou.    Um suspeito de cometer assaltos na região foi preso na madrugada da última quinta-feira (13). “Já prendemos um dos bandidos. Acredito que em pouco tempo vamos identificar os outros suspeitos e prendê-los, garantido a segurança à população”, afirmou o comandante.   Manifestação   Na última quinta-feira (13) à noite, moradores do bairro Gutierrez fizeram manifestação contra a violência, lembrando a morte do estudante Matheus Morais, de 21 anos, na noite de sexta-feira, quando saia de carro.

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