De janeiro maio, a Polícia Militar registrou 2.192 furtos ou roubos a residências em Belo Horizonte, média de 14 ao dia. A corporação não divulga dados por bairros ou regiões, “por uma questão estratégica”, mas sabe-se que os imóveis localizados em áreas nobres são bastante visados. Quem vive no São Bento – entre o Luxemburgo, o Santa Lúcia e a Vila Paris – sente-se constantemente na mira de ladrões e quadrilhas especializadas.
São vários os relatos de pessoas que tiveram as residências “limpas”, até mais de uma vez. Os alvos são principalmente as casas, que, diferentemente dos apartamentos, são mais vulneráveis em função do menor movimento e da ausência de porteiros. Se localizadas em ruas menores, sem vigilantes particulares, ficam ainda mais suscetíveis a assaltos.
Segundo o presidente da Associação Pró-moradores do Bairro São Bento, Rogério de Rezende, antes de agir, criminosos estudam até a rotina do morador. “O número de roubos tem aumentado bastante”, alerta.
Em várias ruas, a reportagem do Hoje em Dia encontrou relatos de pessoas vítimas de assaltos recentemente. Com medo, elas pedem para não ser identificadas. Um aposentado, que teve a casa invadida pela segunda vez há menos de duas semanas, ficou sem vários pertences de valor. O filho dele chegou a ser agredido pelos criminosos.
O equipamento de segurança, composto por cerca elétrica, alarme e câmeras, não impediu a entrada de uma quadrilha de seis ladrões. “É um absurdo. Falta a presença da polícia no bairro”, diz o aposentado, que pensa em se mudar do país.
Vigilante de uma das ruas do São Bento, Adilson Correia diz que muitas pessoas suspeitas circulam pela região, mas, quando notam a presença da guarita, afastam-se. “O fato de estarmos aqui afugenta os pivetes, mas, quando não tem ninguém, os assaltos acontecem”, diz.
CUSTO ADICIONAL
Sem uma segurança pública efetiva, o jeito é pagar, e caro. O serviço de vigilância privada pode custar até R$ 600 mensais por residência. “A gente se cerca por todos os lados, mas ainda há insegurança, principalmente para quem mora em casas”, diz uma aposentada, que, além do custo com os vigias da rua, instalou cerca elétrica, alarme, câmera e grades nas janelas, após assalto há um ano.
Estacionar o carro, só em ruas com guarita
Além dos assaltos a residências, quem anda a pé ou de carro pelo bairro São Bento também tem encontrado desagradáveis surpresas pelo caminho. A situação é agravada pela baixa presença de patrulhas da Polícia Militar, segundo reclamação de moradores. Eles dizem que os policiais apenas aparecerem quando há crimes, mas pouco ou nada se vê de patrulhas. Com isso, todos os horários tornam-se propícios a assaltos.
Para tentar amenizar o problema, as pessoas adotam medidas preventivas. A psicóloga Maria de Lourdes, por exemplo, não deixa o carro em ruas sem guarita, observa as pessoas aos redor e não anda a pé após as 22h. Segundo ela, são vários os casos de veículos que têm os vidros quebrados para retirada de peças e objetos. “Tem que tomar cuidado. Aqui, tem muita gente que vem para assaltar”, conta.
Segundo o presidente da Associação Pró-moradores do Bairro São Bento, Rogério de Rezende, foram feitas várias reuniões e reclamações na Polícia Militar. “Eles sempre alegam insuficiência no efetivo”.
Sem solução para o problema, a associação recomenda medidas de prevenção. “A gente orienta que a população do bairro crie medidas preventivas. A situação aqui está cada dia pior”, afirma Rezende.
PM DE MOTO
De acordo com o tenente-coronel Eucles Figueiredo Honorato Júnior, do 22º Batalhão, a patrulha do bairro faz a segurança no São Bento 24 horas por dia. Ele disse que os casos de assaltos no bairro estão sendo acompanhados.
Ainda conforme o 22º Batalhão, o efetivo foi reforçado, inclusive com o patrulhamento realizado em motocicletas.
Para evitar o problema, ele recomenda que os moradores contribuam com a segurança, com medidas simples, como ter atenção ao chegar e sair de casa, manter as portas fechadas e, ao notar pessoas suspeitas, acionar o 190.