A proximidade com a orla da lagoa da Pampulha, um dos cartões-postais de Belo Horizonte, é um dos fatores que tornam o bairro Cabral, em Contagem, na região metropolitana da capital, alvo da expansão imobiliária. A oferta de infraestrutura pelo poder público também contribui para que o Cabral atraia os investimentos privados.

“É um bairro planejado, atendido por serviços essenciais, o que viabiliza a parceria do poder público com a iniciativa privada”, destaca o urbanista Sérgio Myssior, vice-presidente da seção mineira do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-MG). Segundo o especialista, o ideal é que a periferia da cidade receba o mesmo tratamento. “É possível urbanizar de forma adequada, mesmo onde já existam ocupações irregulares. E não são soluções caras”.

Desde 2010, o Cabral recebeu, de apenas um investidor privado, cerca de R$ 4 milhões, usados na revitalização de parques, praças, tratamento de esgoto e em projetos sociais. Um shopping deve ser inaugurado no local, no segundo semestre.


Marginalizados

Sem investimentos, bairros como Nova Contagem, Darcy Ribeiro e Icaivera não atraem empreendimentos imobiliários. O que se vê são moradias sem acabamento, esgoto a céu aberto e lixo nas ruas. “Estamos precisando de muita coisa, a começar por melhorias no transporte”, diz a dona de casa Alice Pereira, de 59 anos, moradora do Icaivera.

Nos bairros mais centrais de Contagem, moradores e comerciantes também reclamam. “Aqui, só fazem alguma coisa na época das eleições. O asfalto está todo esburacado e faltam placas de trânsito”, reclama Thiago Henrique França da Silva, de 27 anos, dono de uma loja no Novo Eldorado.

Em frente a uma lanchonete do bairro, aberta há um ano por Maria José Pereira, de 62, o mato tomou conta de uma praça de esportes. Segundo a comerciante, o problema se agravou após as eleições, em outubro. “Antes, era bem cuidado. O policiamento precisou ser intensificado porque o espaço estava sendo frequentado por usuários de droga”.

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