Paralelo à mobilização fora da ocupação Izidora contra a reintegração de posse do terreno localizado na região Norte de Belo Horizonte, moradores criaram barricadas na tentativa de dificultar o cumprimento da ordem judicial. Os acessos às vilas Rosa Leão, Esperança e Vitória estão obstruídos. Apesar do temor de serem retirados de casa, o clima na comunidade é de tranquilidade e esperança.
“Estamos muito confiantes de que não seremos removidos das nossas moradias. São muitos idosos, crianças, viúvas, cadeirantes. O ideal é que seja feita a urbanização e criação de um bairro”, diz Eliene Veloso, coordenadora da ocupação Vitória. Segundo ela, as barricadas foram montadas em 28 de setembro, quando a Justiça determinou a reintegração de posse.
Entulho de construção, móveis, eletrodomésticos e pneus velhos, além de carcaças de automóveis, foram usados para obstruir os acessos. O “cenário de guerra”, no entanto, não influencia na rotina dos moradores. Crianças brincam pelas ruas de terra, bares estão funcionando e a entrada de carros não é impedida.
Ontem, após seguirem em passeata até a Cidade Administrativa, moradores da Izidora conseguiram o que consideram um “avanço” em reunião com representantes do governo do Estado. “Nossa luta e manifestação tem sido constante. Ficou acertado novo encontro na semana que vem para debatermos o cadastramento dos habitantes, que é o primeiro passo para embasar o cumprimento da ordem de despejo”, ressalta Eliene.
A estimativa é que sejam 8 mil famílias (30 mil pessoas) em 5 mil moradias da ocupação. No ato de ontem, participaram cerca de 800 pessoas.
Diálogo
Por meio de nota, a Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag) informou que a chefe de gabinete, Lígia Pereira, coordenadora da Mesa de Diálogo, anunciou na reunião de ontem que o “governo vai instalar duas câmaras setoriais para dar maior agilidade à resolução do conflito. Uma delas vai tratar do cadastro das famílias da Izidora, um dos grandes impasses que impedem a construção de um acordo pacífico”.