BH ainda tem sapateiro, alfaiate, barbeiro e especialistas em diversos consertos

Janaína Fonseca* - Hoje em Dia
Publicado em 21/12/2014 às 09:40.Atualizado em 18/11/2021 às 05:27.
O ofício, normalmente, é passado de pai para filho e iniciado ainda na juventude. Uma tradição que resiste ao tempo e ao avanço acelerado da tecnologia e que dá um ar todo especial à capital mineira em pleno século 21. Barbeiros, alfaiates, marceneiros e diversas outras profissões raras atualmente atraem os clientes que buscam exclusividade, atendimento personalizado e recuperar objetos dos quais não desejam se desfazer.
 
A procura por uma roupa que seja única é o que motiva advogados, juízes e executivos a procurar um alfaiate, como César Araújo, de 56 anos. Ele descobriu o gosto pela profissão em 1974, quando trabalhou como office-boy nas antigas lojas Franelli. Desde então, construiu uma trajetória de sucesso e, há dez anos, tem a própria alfaiataria no edifício Maleta, no Centro de BH.
 
César reconhece que o ofício vem perdendo profissionais, principalmente pela falta de interesse dos mais jovens. “Requer muitos anos para aprender, tem que começar de menino”.
 
Passar alguns minutos relaxando em uma cadeira de barbearia e participando de uma boa prosa é hábito de poucos atualmente. Ter a barba feita ficou mais rápido e prático em casa, com os aparelhos elétricos, e cortar o cabelo virou coisa de salão de beleza.
 
Mas se o cliente não abre mão de um serviço caprichado, Samuel Gonçalves, de 66 anos, está lá para bem recebê-lo. Ele aprendeu o ofício com o pai, em 1958, quando ainda morava em Curvelo. A mudança para a capital abriu as portas para a profissão e ele está no mesmo ponto, na rua do Ouro, há 53 anos.
 
Consertos
 
A qualidade dos sapatos melhorou muito, nem por isso Sérgio Gomes perdeu a clientela. Aos 46 anos, 40 deles trabalhando como sapateiro, ele diz que tem fregueses fiéis.
 
Ainda no ramo dos consertos, a tradição é fortíssima na família de Marco Antônio Ranieri. Há mais de cem anos eles se dedicam ao trabalho com bolas.
 
A herança do avô João Ranieri começou com uma fábrica, porém tiveram que migrar para o conserto porque o negócio se tornou inviável com a concorrência das grandes indústrias.
 
Marco Antônio aprendeu a consertar bolas desde menino, porém, com a redução da demanda pelo serviço, passou a trabalhar com outros produtos, como boia, piscina e pula-pula. “Os objetos estão se tornando cada vez mais descartáveis”, lamenta.
 
Há 35 anos atendendo a clientela da região Noroeste de BH, o comerciante Richard Subotim repara televisores analógicos ou de tubo. Ele diz que o número de clientes vem diminuindo.  “Lembro que na Copa do Mundo de 1994 eu cheguei a consertar, em uma semana, 50 tubos de imagens. Neste último Mundial não tive nenhum aparelho”, compara. 
 
* Com Aluísio Marques
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