(Lucas Prates)
As árvores, responsáveis por amenizar o forte calor ao regular o microclima em seu entorno, são também uma das principais fontes de descontentamento do belo-horizontino. O pedido de podas e supressões foi o segundo serviço mais demandado junto à prefeitura neste ano, com 23.745 requisições, entre janeiro e novembro.
Para especialistas, a escolha de mudas inadequadas e o plantio em locais também impróprios são a causa dessa ambígua relação entre o verde em área urbana e a população. “É comum ainda vermos árvores de porte médio ou grande sendo plantadas ainda sob a fiação, o que certamente vai ser um problema no futuro”, afirma o professor do Departamento de Botânica da UFMG, João Renato Stehmann.
Ele critica o planejamento da arborização na capital. “Não existe. A tendência é a cidade ficar cada vez mais caótica nesses termos. Não há orientação específica quanto ao plantio”.
O professor cita como exemplo a ser esquecido a plantação de várias palmeiras na parte interna da canalização do córrego da avenida Alfredo Camarate, no bairro São Luiz, na Pampulha. “Elas vão represar a água se o córrego encher, apresentando perigo de inundação na época de chuvas”, ressaltou Stehmann.
Casos específicos
A gerente de gestão ambiental da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Marcia Mourão, discorda. “Temos normas específicas e claras com relação ao plantio de árvores. Às vezes, acontecem casos específicos de erros, que, quando percebidos, são imediatamente corrigidos”.
De todas as regionais de BH, a Nordeste foi a que mais demandou o serviço de corte e poda de árvores, com 3.324 solicitações. Uma delas foi feita pelo comerciante João Batista Rodrigues. “Os galhos da árvore em frente à loja estão em conflito com a rede elétrica. E quando a chuva é forte, eles acabam caindo”, reclama. Em cinco anos, afirma, a prefeitura fez apenas uma poda.
Visita indesejada
Há mais de dois meses, a administradora de empresas Claudia Santos solicitou a poda de uma árvore em frente ao prédio onde mora, no Lourdes, na zona Sul, mas até o momento não houve uma vistoria no local.
“Os galhos já estão entrando na minha casa e todos os dias, na hora do almoço, estava recebendo a ‘visita’ de micos, até colocar telas de proteção nas janelas”, conta Claudia.
Prevenção
Para evitar que no período chuvoso haja um crescimento no número de ocorrências envolvendo árvores e rede elétrica, a Cemig destacou as ações preventivas, de supressão, poda e plantio de novas árvores.
“Trabalhamos durante o período seco, geralmente de abril a agosto, para termos menos problemas na época das chuvas”, informou o coordenador do programa de manejo, Carlos Alberto de Sousa. (Com Raquel Ramos)