PREJUÍZO DE R$ 80 MIL

BH tem 126 raios em menos de três dias e moradores relatam ‘fachada quebrada’ e aparelhos queimados

Rodrigo de Oliveira
rsilva@hojeemdia.com.br
25/01/2023 às 21:20.
Atualizado em 25/01/2023 às 21:31
Raio estourou lâmpada em condomínio na Pampulha, nessa terça (24), e outro raio danificou fachada no Colégio Batista, no domingo (22) (Arquivo Pessoal)

Raio estourou lâmpada em condomínio na Pampulha, nessa terça (24), e outro raio danificou fachada no Colégio Batista, no domingo (22) (Arquivo Pessoal)

Moradores de diferentes regiões de Belo Horizonte têm relatado transtornos e prejuízos causados por raios que atingiram a capital mineira nos últimos dias por conta das chuvas.

De acordo com a Cemig, foram registrados 126 raios entre meia-noite de domingo (22) e às 20h30 desta quarta-feira (25).

No bairro Santa Amélia, na região da Pampulha, uma descarga elétrica atingiu um condomínio, nessa terça-feira (24), por volta de 20h, e deixou 1.116 moradores de 424 apartamentos sem abastecimento de gás. 

De acordo com o síndico, Rodrigo Kalil, parte dos apartamentos teve o sistema restabelecido por volta das 12h desta quarta (25), mas 100 apartamentos ainda não estão sem gás em casa. 

“A Supergasbras, responsável pelo serviço, interrompeu o fornecimento para todo mundo como medida de segurança. Depois de identificar a região que havia sido atingida, conseguiram isolar o local e restabelecer o abastecimento para uma parte dos moradores”, conta o síndico. 

Segundo Kalil, “a tubulação de gás é enterrada no solo e tem capa de concreto, como manda a legislação”. Além do gás, áreas comuns do condomínio também ficaram sem luz porque os “disjuntores de luz foram derretidos” pelo impacto do raio. 

“Também tivemos 3 dos 8 elevadores (dois por bloco) danificados e estão completamente parados no momento. Portões elétricos, câmeras de segurança e outros sistemas eletrônicos também foram estragados. O prejuízo estimado foi de R$ 80 mil, mesmo tendo pára-raios em cada um dos quatro blocos”, aponta. 

Nos apartamentos, Kalil afirma que moradores não relataram falta de energia. Porém, diversos condôminos afirmaram que tiveram televisões e microondas queimados. Em uma das casas, uma lâmpada estourou após a ocorrência do raio. Veja o vídeo.

De acordo com a Cemig, moradores que tenham bens danificados por raios podem fazer uma solicitação de ressarcimento pelo número 116, pelo portal ou presencialmente em uma das agências de atendimento, no prazo de até cinco anos após a ocorrência. 

No entanto, de acordo com a própria Cemig, esse serviço está suspenso até a sexta-feira (27). 

“A partir do dia 1º/2, o modelo da conta de luz da Cemig será alterado e, por isso, a companhia está atualizando o sistema responsável por todo o faturamento dos clientes. Em função disso, os canais digitais de atendimento ficarão fora do ar até sexta. Durante esse período, atenderemos somente serviços emergenciais, que poderão ser solicitados pelo telefone 116 ou presencialmente por meio das agências e postos de atendimento”, afirma. 

Entre os serviços emergenciais estão:

  • religação;
  • falta de energia;
  • abalroamento;
  • risco de choque elétrico;
  • cabo partido;
  • queimada sob a rede ou outras ocorrências envolvendo acidentes com a rede elétrica.

Já no bairro Colégio Batista, na região Nordeste, o empresário Júlio César Franco tomou um susto no domingo (22), por volta das 17h30, quando um raio destruiu parte da fachada da cobertura onde mora. 

(Arquivo Pessoal)

(Arquivo Pessoal)

Morador do 5º andar, ele afirma que o prédio não tem pára-raios, mas que o sistema está instalado em diversos edifícios no entorno de onde mora. 

“Não houve falta de luz, mas tive duas televisões, uma impressora, um telefone sem fio e um computador danificados. O conserto da impressora vai custar R$ 360 e os outros aparelhos ainda estão sendo orçados”, relata. 

Segundo ele, vizinhos dos outros andares também tiveram aparelhos queimados e, no condomínio, o alarme do elevador disparou e dois portões elétricos foram danificados. 

“O condomínio vai arcar com o reparo da fachada e, nesta semana, faremos uma reunião para decidir sobre a instalação de um pára-raios no prédio. Em relação aos aparelhos, não entrei em contato com a Cemig, pois o raio não atingiu a rede elétrica e, muito provavelmente, não iria conseguir o ressarcimento”, diz. 

Segundo dados do Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), anualmente, são registrados 6 raios por km² na capital mineira. 

De acordo com a PBH, a cidade tem uma área total de 9.459,1 km² e, em cálculo feito pelo Hoje em Dia, BH registra uma média de 56.754 raios por ano.

Ainda segundo os dados do Inpe, BH ocupa o 1.200º lugar no ranking nacional. Já entre os 853 municípios mineiros, a capital ocupa o 65º lugar no ranking estadual. 

Segundo o metereologista Ruibran dos Reis, casos como esses podem acontecer mesmo quando há proteção, uma vez que nenhum pára-raios é 100% efetivo. E eles são instalados conforme a média da intensidade dos raios em cada região. 

“Em Minas, a intensidade média dos raios é de 34 mil Ampères. Porém, se registrarmos uma intensidade superior, o próprio pára-raio pode ser danificado. Já chegamos a registrar um raio de intensidade de 100 mil Ampères“, diz. 

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