(Frederico Haikal)
Andar de carro em Belo Horizonte poderá ficar ainda mais difícil até o fim de 2014. A BHTrans planeja implementar 100 quilômetros de faixas exclusivas para ônibus em 30 ruas e avenidas da capital, reduzindo o espaço para os outros veículos. Apesar de desagradar aos motoristas, a medida vai na mesma direção do que defendem especialistas: priorização do transporte público em detrimento do privado. Segundo o presidente da BHTrans, Ramon Victor Cézar, a ideia é dar mais fluidez aos ônibus e estimular as pessoas a deixar os carros em casa. “Não temos a ilusão de levar todo o transporte privado para o público. Mas queremos priorizar os coletivos”. Projeto Até dezembro, sairá o edital para contratação da empresa que vai elaborar o projeto executivo de implantação dos corredores exclusivos. A instalação do sistema custará R$ 100 milhões, valor pleiteado junto ao governo federal. O projeto inclui radares para detectar invasão de pista e melhorias nos pontos de embarque e desembarque. Não foram definidas quais vias receberão as faixas, mas a intenção da BHTrans é contemplar as ruas Niquelina (Santa Efigênia) e Padre Eustáquio (nos bairros Padre Eustáquio e Carlos Prates), além de avenidas como a Assis Chateaubriand (Floresta) e a continuação da avenida Nossa Senhora do Carmo até o Belvedere. Divergência O projeto desagrada quem anda de carro, como o vendedor Marcos Victor, de 55 anos, que afirma não andar de ônibus por achar desconfortável, lotado e atrasado. O professor em engenharia de transporte Ronaldo Gouveia alerta para a necessidade de a BHTrans avaliar cada caso, pois ruas como Niquelina e Padre Eustáquio são estreitas, podendo resultar em mais transtornos do que os atuais. “Se um ônibus parar, o que vier atrás também o fará. E, sem ultrapassagem, se perde tempo. Além das faixas, é preciso dar qualidade e confiabilidade ao sistema, como avisar com painéis a hora que passará o coletivo”. No entanto, para o consultor em trânsito e transporte Silvestre Andrade, não há mais espaço para carros na cidade. “Quem dirige naturalmente adotará o ônibus ao comparar os custos e o tempo de deslocamento entre automóvel e coletivos”, aposta. 14 quilômetros só para os grandalhões BH tem 14,3 quilômetros de faixas exclusivas para ônibus, nas avenidas Cristiano Machado, Antônio Carlos e Nossa Senhora do Carmo. Com a conclusão do Move (BRT), serão 23 quilômetros. A multa para quem é flagrado invadindo a faixa exclusiva é de R$ 53,20. Multa para motorista em faixa ‘alheia’ cai para 46% Caiu em 46% o número de multas aplicadas por radares que detectam a invasão das faixas de ônibus em BH. Este ano, a média é de 73 autuações por dia, contra 135 em 2012. Para a BHTrans, motoristas de carro passaram a respeitar mais o corredor exclusivo. Outra medida para melhorar o transporte público é a ampliação das linhas executivas, até o fim de 2014. Hoje, duas linhas operam em BH: SE01 (Savassi/Cidade Administrativa) e SE02 (Buritis/Savassi). Os três itinerários previstos são: Belvedere/hospitais via Serra; Sion/Hospitais via Praça da Liberdade e Estação Calafate/Hospitais. Além de duas linhas turísticas na região Centro-Sul e na Pampulha, previstas para até junho do ano que vem.