Depois do BRT Move, promessa da BHTrans para dar mais fluidez ao trânsito da cidade, a aposta, agora, é endurecer a fiscalização e mexer no bolso do motorista que invadir as faixas exclusivas de ônibus. Com corredores devidamente desobstruídos, veículos de passeio terão menos espaço nas vias restantes. O objetivo da medida é estimular a substituição do carro particular pelo transporte público, apontado como principal solução para os problemas de mobilidade da capital.
Apesar de positiva, a iniciativa é tímida, na avaliação de especialistas. “Há um receio muito grande de piorar a vida dos motoristas. Mas, se a ideia é dar mais fluidez ao trânsito, é preciso fazê-lo”, defende o consultor em transporte e trânsito Osias Baptista Neto.
“Se o ônibus fluir bem, naturalmente se tornará mais atrativo por uma questão de conveniência. Pensando nisso, a única restrição que eles devem ter, portanto, é o tempo de parada nos pontos e, eventualmente, o semáforo”, observa.
RODÍZIO
Também especialista na área, o engenheiro civil Silvestre de Andrade aponta o rodízio de veículos como alternativa para incentivar o uso do transporte de massa.
“De forma indireta, o rodízio impacta na utilização do transporte coletivo. Com a redução dos carros na rua, o motorista terá que buscar meios alternativos de se deslocar, e, certamente um deles será o ônibus”, pondera.
A BHTrans descarta a adoção da medida, justificando que o “planejamento agora é investir no transporte coletivo”.
Em nota, confirmou que a estratégia de manter as faixas exclusivas livres paras os ônibus é para estimular o uso do transporte coletivo. “É importante lembrar que o ônibus transporta em torno de 60 pessoas, enquanto o carro leva uma média de 1,5. Por isso, o transporte coletivo está sendo priorizado em relação ao individual”.
A próxima avenida a receber os equipamentos de fiscalização eletrônica é a Pedro II, entre o Complexo da Lagoinha e o Anel Rodoviário, onde há seis quilômetros de pista exclusiva para ônibus. Nessa quarta-feira (16), dois radares entraram em funcionamento, na avenida Augusto de Lima e na rua da Bahia, no Centro de BH.
Até então, a fiscalização eletrônica de invasão de faixa preferencial para ônibus funcionava apenas nas avenidas Nossa Senhora do Carmo, região Sul, e Waldyr Soalheiro Emrich, no Barreiro de Baixo.
O aumento de pontos com restrição e/ou proibição para veículos pesados, como caminhões de carga, carretas e cavalos-mecânicos, na região Central, também deve estimular a mudança de comportamento do belo-horizontino e melhorar a fluidez do trânsito. Nessa quarta-feira (16), a proibição começou a valer no trecho da avenida do Contorno, entre rua dos Inconfidentes e Ceará, e Andaluzita e Afonso pena.
“Tirar o caminhão melhora as condições de circulação geral, para os ônibus, mas também para o carro. Uma vez que caminhão é um veículo longo que, embora cumpra uma nobre missão na cidade, não serve para transportar passageiros”. diz Silvestre de Andrade, consultor na área de engenharia de tráfego.