Abordar temas que chamam a atenção dos foliões e estimulam a reflexão de quem escolheu Belo Horizonte para pular o Carnaval é a aposta deste ano de alguns blocos de rua da capital.
No bairro Carlos Prates, na região Nordeste, a recuperação dos espaços públicos da cidade e a preservação do meio ambiente é o enredo do Pisa na Fulô. A ideia, segundo Gilson Reis, um dos idealizadores do grupo, é chamar a atenção dos foliões para parques e praças abandonados.
Criado em 2014, o bloco, cujo símbolo é uma praça na rua Peçanha, tem como atrativo o forró. “Chamamos os foliões para uma revitalização da praça, do meio ambiente e, principalmente, da alegria”, afirma D’Souza, da organização.
“Mascote” do bloco, a praça não tem nome oficial, mas é identificada pelos moradores justamente por estar vinculada ao grupo de Carnaval. “Todo mundo conhece a praça como Pisa na Fulô. O bloco trouxe vida para um local que acabamos deixando cair no esquecimento”, diz Marília Fonseca da Cruz, de 37 anos, moradora do bairro.
Ritmos
Para animar a festa do Momo, os integrantes usam instrumentos como a zabumba, a sanfona e o surdo, populares nas rodas de samba e no forró. “Nosso compromisso é passar o recado de ocupar o espaço público com muita animação”, reforça Gilson.
Assim como o Pisa na Fulô, o bloco Parque JA, do bairro Jardim América, na região Oeste, também chega para dar visibilidade à luta em defesa da única área verde do bairro. O grupo tem como bandeira a preservação do parque e a importância dos cuidados ambientais.
Mais Amor
Entre os integrantes do Baianas Ozadas, a palavra de ordem é amar. Este ano, o tema do bloco, o mais popular no Carnaval passado, é o estatuto da família e a igualdade de gêneros. “O Carnaval tem ensinado muito aos foliões.
Os temas apresentados fazem a população ampliar a discussão, ao longo do ano, sobre temas importantes como a sexualidade, o meio ambiente e a mobilidade urbana”, diz a organizadora do Baianas, Renata Chamilet.
Há dois anos, o bloco Pula Catraca também desfila por Belo Horizonte com um objetivo maior: tornar as discussões sobre mobilidade urbana mais divertidas e leves.
“Estamos nas ruas durante todo o ano lutando pelo direito de acesso a um transporte público de qualidade. No Carnaval, convidamos a população a lutar por isso de maneira mais alegre”, lembra Luiza Souza, uma das organizadores do grupo.
O Pula Catraca desfila no próximo dia 31, mas ainda não há horário e local previstos para a concentração. Entre as músicas do grupo, estão paródias e composições autorais.