(Divulgação/Bombeiros)
Houve quem lidou diariamente por longos períodos com o desastre na lama, na chuva, em estradas, nas encostas e nos leitos de rios por todo o Estado. Em meio ao empenho dos 5.400 homens e mulheres do Corpo de Bombeiros, alguns ficaram até quatro dias sem tomar banho e mais de 24 horas sem dormir, outros viram a morte se desprender em meio aos destroços e à correnteza das águas. Todos, porém, eram movidos pela mesma vontade: a de salvar vidas. O aprendizado que o balanço trágico de 20 mortos e mais de seis mil pessoas feridas fez com que o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais buscasse um treinamento com maior foco na prática de salvamento em soterramento, enchentes e inundações.
“A gente tinha muita teoria, mas havia uma lacuna para ser preenchida e, por isso, vamos ter esse treinamento inédito no Estado com foco prático e simulação ainda mais real das ocorrências”, afirmou Leonard Farah, comandante do grupo de salvamento em soterramento, enchentes e inundações (Gessei).
Farah vai liderar o treinamento especial a partir do curso que fez em Santa Catarina, no Sul do país, em 2011, com especialistas da Alemanha. “Todo o material estava em inglês ou alemão, tivemos que traduzir para o português para levar esse conhecimento mais atualizado e específico para o nosso grupo”, contou. Segundo ele, há muita doutrina norte-americana sobre o trabalho de resgate em situações de desastres naturais que serão aproveitadas durante o trabalho com os militares de Minas Gerais.
O treinamento teórico começou em setembro com cerca de 30 militares do Gessei, em Belo Horizonte. No próximo dia 15 está previsto o início das atividades práticas, que vão acontecer em dois módulos. Um deles no Praia Clube, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte e outro – mais intenso – na cidade de Itutinga, na divisa do Triângulo Mineiro com o Sul de Minas.
“Queremos preparar ainda mais os militares para situações extremas, como a que vivemos no ano passado em Guaraciaba, quando ficamos quatro dias sem água, luz e com pouca comida. A ideia é simular ao máximo possível essas situações para que eles saibam lidar com esses momentos de estresse”, explica Farah.
Estrutura
Atualmente o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais conta com 5.400 militares, 1.100 viaturas, dois helicópteros, um avião e um canil (com média de cinco cães) para atender todo o Estado. O Grupo de Salvamento em Soterramento, Enchentes e Inundações (Gessei) conta com 30 bombeiros, que atuam nos municípios conforme a necessidade da ocorrência.