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Os vendedores ambulantes de "brisadeiros", doces aparentemente inofensivos que na realidade têm propriedades alucinógenas, estão na mira da Polícia Militar em Belo Horizonte. Modalidade do tráfico de drogas que tem crescido nas grandes cidades brasileiras, o brigadeiro com maconha (conhecido como “brisadeiro”) tem ganho espaço nas proximidades de festas e eventos com grande concentração de jovens, especialmente na Região Centro-Sul de BH.
Nos últimos dois meses, a PM da capital mineira prendeu três pessoas que vendiam o “brisadeiro” em lugares com grande concentração de pessoas e mais duas mulheres que estavam confeccionando bolos "batizados" dentro de uma casa no bairro Floresta, na região Leste. Mas o cerco à atividade é complexo, devido à dificuldade para os agentes de segurança em diferenciar um brigadeiro normal daquele batizado com a maconha.PM/Divulgação / N/A
No dia 17 de agosto, um homem de 22 anos foi preso na rua Antônio de Albuquerque com "brisadeiros"
“É um delito difícil de coibir, por isso a Polícia Militar conta muito com o apoio da população, que pode usar vários canais de acionamento para denunciar. A participação do cidadão é fundamental para coibir essa nova modalidade de tráfico de drogas”, afirma o tenente Washington Júnio Amaral, comandante do Setor Praça Sete do 1° BPM. A denúncia pode ser feita pelo 190 ou pelo 181.
No dia 17 deste mês, policiais só conseguiram fazer o flagrante de homem de 22 anos que estava com 58 brigadeiros batizados porque um cachorro da Rondas Ostensivas Com Cães (Rocca) foi acionado, após a viatura receber uma denúncia. O cão sinalizou que havia drogas ao farejar a bandeja de doces.
Outro cachorro foi utilizado quando a Polícia Militar flagrou uma mulher de 27 anos vendendo “brisadeiros” no dia 28 de julho, na rua Aarão Reis, próximo ao viaduto de Santa Tereza, onde acontecia um evento que costuma reunir um grande número de jovens.
Também é tráfico
Cada brigadeiro com maconha sai por R$ 5 – enquanto uma porção de maconha, suficiente para um cigarro, tem preço aproximado de R$ 10. Também é comum ver a venda de bolos, brownies e palha italiana que levam a maconha na massa. O brigadeiro com droga também ganha diferentes nomes nas grandes cidades, como brigadeironha, brigonha, brigadonha ou brigadeiros mágicos.
O tenente Washington faz questão de frisar que quem vende o “brisadeiro” está cometendo o crime de tráfico de drogas e pode pegar de 5 a 15 anos de prisão. “Quem vende costuma dizer aos compradores que a maconha não altera o sabor do doce e que as propriedades da droga são mantidas. Existe um marketing do 'brisadeiro'. Mas essas pessoas estão cometendo um crime”, afirma.
Já quem compra o brigadeiro batizado comete o mesmo crime de quem compra qualquer outra droga ilícita – e pode passar por um processo em um juizado especial criminal por adquirir ou transportar drogas sem autorização. “Parece que as pessoas estão incorporando práticas comuns em países onde a maconha é legalizada, como Holanda e Uruguai, mas precisam compreender que no Brasil a maconha é uma droga ilícita”, explica o tenente Washington.
Saúde
De acordo com o médico psiquiatra Frederico Garcia, coordenador do Centro de Referência em Drogas da Faculdade de Medicina da UFMG, quando o usuário ingere a maconha, em vez de fumá-la, vivencia uma demora maior para sentir os efeitos da droga, mas, por outro lado, a ação é mais duradoura no corpo.
Os tradicionais efeitos da maconha (como euforia, sonolência, perda de noção de tempo e espaço, perda da coordenação motora) podem ser potencializados. “Existe um risco maior de ter uma 'bad trip', ou seja, de ter efeitos psicóticos sob efeito da droga, de ter uma alucinação ruim”, explica o psiquiatra.
Segundo o médico, a chance de uma pessoa sofrer uma intoxicação com os doces batizados é pequena. “Normalmente, essas pessoas fritam a maconha em um óleo, que depois será usado no preparo do alimento. Esse óleo não costuma causar intoxicação nas pessoas. Pode haver um problema se houver a ingestão de uma grande quantidade da droga”.PMMG/Divulgação
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