270 MORTOS

Brumadinho, 4 anos: relembre tragédia e reveja imagens que marcaram Minas e o mundo

Raíssa Oliveira
raoliveira@hojeemdia.com.br
25/01/2023 às 07:30.
Atualizado em 25/01/2023 às 10:30

Era 25 de janeiro de 2019, 12h28, quando a barragem B1 da Vale localizada na Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, se rompeu e um mar de lama invadiu uma área administrativa da mineradora e casas da região, causando um desastre ambiental e humanitário. A tragédia que matou 270 pessoas – duas grávidas – completa quatro anos nesta quarta-feira (25), com três vítimas ainda desaparecidas.

Na esperança de dar às famílias a chance de uma despedida, uma força-tarefa montada pelo Corpo de Bombeiros mantém buscas há mais de 1.400 dias. Em outra frente, equipes da perícia da Polícia Civil seguem com trabalhos de análise dos vestígios coletados no lugar para identificação das vítimas.

A última identificação ocorreu em 20 de dezembro de 2022. Trata-se da 267ª vítima do rompimento identificada – por meio de exame de DNA – como Cristiane Antunes Campos, que tinha 35 anos à época. Trabalhava como supervisora de mina e era natural de Belo Horizonte.

As forças de segurança seguem empenhadas na tentativa de localizar as últimas três vítimas da tragédia: a corretora e moradora de São José do Rio Pardo (SP), Maria de Lurdes da Costa Bueno, de 59 anos, que estava hospedada em uma pousada em Brumadinho; Nathália de Oliveira Porto Araújo, de 25, estagiária da mineradora; Tiago Tadeu Mendes da Silva, de 34, funcionário da Vale.

Desastre ambiental
Ao todo, 9 milhões de metros cúbicos (m3) de rejeitos vazaram após o rompimento da Barragem B1. A lama percorreu mais de 7 km e atingiu o rio Paraopeba, um dos afluentes do São Francisco, responsável pelo abastecimento de 2,3 milhões de pessoas, inclusive da Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Desde então, autoridades e pesquisadores apontam danos severos à bacia do Paraopeba, além da destruição de parte da fauna e flora da região. Um estudo realizado pela Prefeitura de Brumadinho e divulgado em 2022 aponta a presença de metais pesados acima do nível ideal na água e no solo da calha do rio após a tragédia. 

Acordo bilionário
Em 2021, um acordo de mais de R$ 37 bilhões foi assinado entre o governo de Minas Gerais e a Vale para reparação dos danos provocados pela tragédia de Brumadinho. O documento foi aprovado após quatro meses de negociações e 200 horas de reuniões.

Além do valor, o acordo traz entre as obrigações de execução da Vale a recuperação ambiental e projetos socioeconômicos em Brumadinho e outros 25 municípios da Bacia do Paraopeba afetados pela tragédia. Há ainda investimentos no metrô de BH e intervenções de segurança hídrica para garantir o abastecimento de água na Região Metropolitana.

O prazo para execução do termo tem uma previsão inicial de 10 anos.

O que diz a Vale?

Apesar disso, os responsáveis pela tragédia ainda não foram julgados. Nessa terça, a Justiça Federal aceitou a denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal (MPF) contra 16 pessoas e as empresas Vale e Tüv Süd pelo rompimento da barragem de Córrego do Feijão. 

Sobre a decisão, em nota, a Vale reafirmou seu "profundo respeito pelas famílias impactadas direta e indiretamente pelo rompimento da barragem e que segue comprometida com a reparação e compensação dos danos". A companhia reforçou que sempre pautou suas atividades por "premissas de segurança".

O advogado David Rechulski, da defesa jurídica da mineradora, declarou que o recebimento formal da denúncia do MPF teve como objetivo evitar-se a prescrição dos crimes ambientais.

O defensor disse ainda que "não causa surpresa que uma denúncia de 477 folhas, capeando mais de 80 volumes, num total de mais de 24 mil páginas, tenha sido recebida em menos de 24 horas".

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