Cachoeira de ameaças contra o judiciário brasileiro

Do Hoje em Dia
27/06/2012 às 07:29.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:07

O Conselho Nacional do Ministério Público deve examinar nesta quarta-feira (27) o pedido de garantias à procuradora Léa Batista, uma das responsáveis por denunciar Carlinhos Cachoeira e outros envolvidos na Operação Monte Carlo. A procuradora atua no Ministério Público Federal em Goiás. Seus colegas estão preocupados com as ameaças que ela recebeu por e-mail. Antes, o juiz Paulo Augusto Moreira Lima deixou o caso afirmando ter recebido ameaças contra ele e sua família.

O crime organizado em Goiás parte para a intimidação mais agressiva contra o Judiciário, à medida que o Senado se prepara para expulsar Demóstenes Torres. Na noite de segunda-feira (26), por unanimidade de seus 15 membros, a Comissão de Ética do Senado aprovou o relatório do senador Humberto Costa (PT-PE) recomendando a cassação do mandato do ex-líder do DEM. O bem fundamentado relatório sustenta que Demóstenes agia como “despachante de luxo” de Cachoeira, ao defender seus interesses no governo.

Com esse resultado desfavorável a Demóstenes, em votação aberta, fica mais difícil para ele convencer pelo menos 41 senadores a salvarem o seu mandato em votação secreta. Se isso ocorrer, será a desmoralização completa do Senado, como afirmou o senador Pedro Simon, do PMDB gaúcho, que adiantou que votará pela cassação, como fizeram outros senadores que não fazem parte da Comissão de Ética, mas assistiram à sessão e também se manifestaram.

A mais veemente foi de um dos membros da Comissão, senador Mário Couto, eleito pelo PSDB paraense, que já confessou ter-se envolvido com o jogo do bicho antes de ser eleito deputado estadual em 1990. Couto pediu, num discurso teatral, que não seja secreta a próxima votação contra Demóstenes, em plenário. Teatral, porque Couto sabe que o colega denunciado agora tem direito ao voto secreto. E que não há tempo suficiente para mudar o artigo da Constituição que garante a Demóstenes esse direito, ao qual se apega como última tábua de salvação.

É possível até que nos próximos dias o Senado comece a aprovar a proposta de emenda constitucional que se encontra na gaveta do presidente da Casa, José Sarney, pronta há dois anos para ser votada. Mas em seguida teria que ser aprovada pelos deputados, também em dois turnos, para começar a valer.

Portanto, mais uma vez, é preciso confiar apenas na consciência de cada senador, para que seja cassado o mandato de um colega que já perdeu a confiança dos brasileiros.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por