Camada de tinta rejuvenesce o edifício Itatiaia

Danilo Emerich - Hoje em Dia
09/09/2014 às 08:03.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:07
 (Samuel Costa)

(Samuel Costa)

Deteriorado e longe do glamour original, o imponente Edifício Itatiaia, na rua da Bahia, no Centro de Belo Horizonte, está em processo de restauração. O prédio, de 63 anos, que abrigou até 2001 o Hotel Itatiaia, passa pela primeira revitalização desde que foi tombado pelo patrimônio municipal, em 2004.

Atualmente, o imóvel de 12 andares e 48 apartamentos residenciais está em péssimo estado de conservação. Apresenta rachaduras, problemas de reboco nas fachadas, além de tijolos e ferragens expostas. O síndico Jeferson Terra Passos diz que a situação é provisória e que todas as características originais serão devolvidas ao prédio.

A restauração foi iniciada no início de julho e deverá ser encerrada até fevereiro de 2015. Somente as fachadas para as ruas da Bahia e dos Caetés e para a avenida Santos Dumont serão recuperadas, ganhando pintura nova. Um outro projeto será apresentado à prefeitura para tentar viabilizar a reforma interna.

“A restauração demorou por falta de recursos financeiros. Estamos fazendo algumas recuperações, mas é um processo caro. O prédio teve sua história, mas ela se foi. Agora, esperamos que o imóvel tenha boas condições e as pessoas fiquem em harmonia”, afirmou.

Segundo o presidente da Fundação Municipal de Cultura (FMC), Leonidas Oliveira, a obra faz parte do programa Adote um Bem Cultural, que visa a recuperação de bens tombados, em parceria com a iniciativa privada. O projeto para a revitalização do Itatiaia foi aprovado pela prefeitura e está orçado em R$ 170 mil, além de uma contrapartida dos moradores.

O edifício é de uso comercial e residencial. Os dois primeiros pavimentos são destinados ao comércio. Entre o terceiro e o sexto andar, estão instalados escritórios de empresas de plano de saúde e quitinetes. Do sétimo andar ao último, restam os apartamentos residenciais.


História

Moradora há 40 anos do Edifício Itatiaia, a aposentada Clara de Oliveira Assunção, de 85 anos, diz que gosta de morar no local, justamente pelo clima tranquilo de interior do lugar. Ela lembra que não era raro encontrar celebridades que se hospedavam no antigo hotel, como os ator Francisco Cuoco e o cantor Nelson Ned.

“Fiquei triste com o fim do hotel, mas ainda é um local bom para morar. Todos se conhecem. O problema hoje são as repúblicas”, afirma. Ela passa a maior parte do tempo lendo na varanda. Clara de Oliveira revela também uma divergência interna entre os moradores sobre as intervenções no prédio.

O projeto arquitetônico do edifício, em estilo clássico moderno, foi desenvolvido pelos arquitetos Rafaello Berti e Shakespeare Gomes. Já a obra foi executada pela Construtora Companhia Proprietária e de Grandes Hotéis. Além de ter sido um dos principais hotéis de luxo de BH entre as décadas de 1950 e 1980, também teve entre os moradores o empresário Antonio Ianni, fundador da Itamaraty Móveis, Tesouro dos Móveis e Mundo dos Móveis.


Prédios ganharão placas indicativas

O Edifício Itatiaia está situado dentro do perímetro da Zona Cultural da Praça da Estação.

O espaço, que conta com imóveis de apelo histórico como o Cine Theatro Brasil Vallourec e a Serraria Souza Pinto, ganhará, até o próximo mês, placas indicativas com informações locais.

Ao todo, 25 edificações, inclusive o Itatiaia, serão identificadas com a sinalização.

O objetivo é criar uma referência para os visitantes e estimular as manifestações culturais e artísticas na região, além de facilitar a preservação dos locais e incentivar projetos de revitalização junto à iniciativa privada.

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