Câmara cobra informações da Copasa sobre a real situação do abastecimento em Belo Horizonte

Ricardo Rodrigues - Hoje em Dia
07/11/2014 às 18:47.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:56

(Divulgação Câmara)

O presidente da Câmara de Belo Horizonte, vereador Léo Burguês (PTdoB) disse ontem que o Legislativo está cobrando oficialmente da Copasa informações detalhadas sobre a situação real dos mananciais que abastecem de água potável a capital mineira. "Esses dados deveriam ser disponibilizados diariamente no site da empresa para que os moradores possam saber qual como estão os níveis desses reservatórios no período de estiagem". A declaração foi feita após reunião com vereadores para discutir a situação hídrica da capital mineira em tempos de escassez de chuvas.    O objetivo da reunião foi avaliar a atual situação do abastecimento de água e definir medidas que poderiam ser postas em prática pela Câmara para enfrentar eventuais ameaças de desabastecimento. Para o presidente da Câmara, a população precisa ter acesso às informações sobre os mananciais para que possa saber quais são as condições e, ao mesmo tempo, participar do esforço para a racionalização do consumo de água. A Copasa informou que a vazão do rio das Velhas permite uma captação de 7 m³/s. "Vamos ver isso in loco", disse Burguês.   Na reunião foi aprovada uma comissão integrada por três membros da Casa, que a partir da próxima semana farão visitas aos sistemas Serra Azul, em Mateus Leme, Rio Manso, Várzea das Flores e à estação de Bela Fama, no Rio das Velhas, em Nova Lima. A comissão de representação é integrada pelo presidente da Casa e pelos vereadores Leonardo Mattos (PV) e Pedro Patrus (PT).     Entretanto, representantes do Sindágua, sindicato que reúne os trabalhadores da Copasa, foram impedidos pela empresa de vistoriar os sistemas Rio Manso e Serra Azul (em Juatuba) para checar o nível dos reservatórios, que estariam bem baixos. Os dois sistemas (junto com a barragem Vargem das Flores) são responsáveis por abastecer 53% da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Os demais 47% são abastecidos pela estação de Bela Fama, no Rio das Velhas.     "A Sabesp vem divulgando dados sobre o sistema Cantareira, o principal responsável pelo abastecimento de água de São Paulo. Por que a Copasa não faz o mesmo? Queremos mais transparência. A população de Belo Horizonte precisa saber a situação real das barragens e da captação no rio das Velhas", disse o presidente da Câmara, que defende a cobrança de multas para quem desperdiça água potável.    Desperdício   Burguês adiantou que a Câmara vai contratar especialistas independentes para verificar o que está acontecendo nesses mananciais. "Queremos esclarecer os fatos e dar transparência ao cidadão de Belo Horizonte". Ele afirmou ainda que existe uma perde de 42% na distribuição de água no Estado, segundo a Copasa, relativa a "gatos" e outros problemas na rede hídrica. "A Câmara quer saber qual é a perda na rede de distribuição de água existente em Belo Horizonte".   A Copasa garantiu que não há racionamento de água, durante audiência pública na Câmara, na última quinta-feira 6. Questionada por parlamentares e moradores sobre possíveis interrupções no fornecimento de água, a empresa de saneamento descartou a hipótese, mas afirmou que é preciso conscientizar a população para um consumo responsável. Pesquisadores da área e movimentos em defesa do meio ambiente destacaram a urgência em se discutir o consumo de água excessivo e impróprio realizado pelas indústrias e empreendimentos mineradores.   Burguês adiantou que a Câmara vai promover dois seminários sobre recursos hídricos, para discutir os temas com os governos municipal, estadual e federal, além de especialistas internacionais, para preparar ações futuras em Belo Horizonte voltadas para a questão da água. O primeiro seminário será realizado no próximo mês e o segundo ficará para o próximo ano.    Disputa emperra pauta   Apesar de disputa entre oposição e governo travar a pauta de votações no plenário, o presidente da Câmara defendeu uma pauta mínima de votações em reunião com os líderes para votar temas de consenso na Casa e disse que os vereadores que se opõem ao prefeito Marcio Lacerda (PSB) têm mantido uma oposição construtiva, feita de maneira programática. Ele destacou que há 17 projetos de lei sobre o tema recursos hídricos e sustentabilidade prontos para serem votados pelo plenário. Na avaliação de Burguês, a principal proposta prevê multas para o desperdício de água, como lavar os passeios com mangueira.   Ausente da reunião convocada pelo presidente, ontem, o vice da Câmara, Wellington Magalhães (PTN), defendeu que o Legislativo discuta a questão dos recursos hídricos no próximo ano. "Temos de fazer um debate mais amplo com toda a Região metropolitana de Belo Horizonte. Estamos agora envolvidos no processo de escolha da nova mesa diretora da Câmara", afirmou.    O líder do governo na Casa, vereador Preto (DEM), também não participou da reunião. "Temos nove vetos do prefeito para serem apreciados a partir de segunda-feira, além de votar a Lei Orçamentária para o próximo ano (LOA 2015) e também o Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG) 2014-2017.    Este mês são cinco sessões e em dezembro, dez sessões. "Eu desconheço", respondeu o líder sobre as proposições que o presidente da Casa quer votar este ano. "O momento agora é de tratar como segurar as enchentes nas áreas de risco".  

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