Camarim: Bandidos "fazem a festa" em evento de classe média alta

Ana Clara Otoni - Do Portal HD
02/11/2012 às 21:03.
Atualizado em 21/11/2021 às 17:50
 (Milson Veloso/Portal HD)

(Milson Veloso/Portal HD)

Sempre tive o hábito de fazer coberturas policiais, mas nessa quinta-feira (1) fui escalada para cobrir um evento badalado em Nova Lima, na Grande BH, com atrações musicais de renome e uma mega estrutura no salão de festas do Mix Garden, no bairro Jardim Canadá, chamado: Camarim. Para a minha frustração e surpresa o que era para ser uma pauta para o caderno de Cultura acabou em mais uma ocorrência policial. Porém, desta vez, o meu nome não apenas assina a matéria como também consta no boletim de ocorrência no campo vítima.

Tive o meu celular - um iPhone 4S - furtado de dentro da minha bolsa durante a festa. Eram 2h40 e a atração principal da noite, o cantor Latino, animava o público enquanto eu acabava de ser vitimada pela ação de algum marginal presente no evento onde a bebida era liberada, a decoração impecável e a segurança falha. Ao perceber o sumiço do meu aparelho, procurei os vigias e relatei o furto. Todos se mostraram completamente alheios ao meu pedido de ajuda. A mobilização que imaginei ser a pronta-resposta dos funcionários da empresa contratada pela Prime, produtora da festa, para resguardar o bem-estar e proteção dos frequentadores do evento - no qual era preciso desembolsar R$ 150 no ingresso masculino e R$ 120 no feminino - simplesmente, não existiu. Muito pelo contrário, a apatia foi justificada pela "recorrência" de furtos em festas desse tipo.

"Isso é normal, os cambistas que não conseguem vender todos os ingressos acabam entrando na festa e fazendo uma 'limpa' mesmo", foi o relato que ouvi de um dos seguranças que trabalhava no evento.

Procurei o serviço de chapelaria para saber se por sorte ou boa vontade alguém talvez tivesse entregado o meu aparelho no setor. Nada. Encontrei, porém, uma outra vítima da falta de proteção do evento. Uma jovem desesperada tentava localizar o celular - também um iPhone - que foi roubado de dentro da bolsa dela. Com o auxílio de um iPod ela identificou por meio de um aplicativo de geolocalização que o aparelho dela ainda estava no local da festa. "Do que adianta? Pode estar com qualquer um aqui", disse desacreditada.

De fato, ela estava certa. Naquela festa na qual jovens bem vestidos de classe média alta se divertiam não havia como saber a cara do suspeito. Porém, no meio daquelas pessoas, um rapaz que aguardava a namorada na saída do banheiro percebeu a minha revolta e até ofereceu ajuda, ao contrário de produtores e seguranças. "Pode usar o meu celular!", disse o jovem que é frequentador assíduo da festa Camarim - que nessa quinta-feira completava três anos de realização. A namorada dele solidarizou-se com a causa e até contou como lida com a violência e insegurança nesse tipo de evento. "Nunca trago a minha bolsa, venho sem nada porque isso acontece sempre. Toda vez alguém é roubado nessas festas, é impressionante. Isso é uma quadrilha", disse.

Registrei o boletim de ocorrência na Polícia Militar nesta sexta-feira (2) na esperança de que o meu caso, ao ser somado aos outros furtos ocorridos em festas privadas deste tipo, auxilie nas investigações sobre a possível atuação de um bando especializado em furtos em festas para a classe média alta. Os bastidores da Camarim - sem flashes ou glamour - escondem a violência a qual todas as esferas da sociedade estão expostas, mas, mais do que isso a incapacidade de renomados organizadores realizarem festas ditas "gabaritadas" sem o mínimo de zelo e cuidado com o público.

Resposta: Procurada deste a manhã desta quinta-feira, a assessoria de imprensa do evento não enviou uma resposta oficial sobre o fato relatado.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por