Capelinha contabiliza danos e decreta situação de emergência por causa da chuva

Ana Clara Otoni - Do Hoje em Dia
29/01/2013 às 11:03.
Atualizado em 21/11/2021 às 21:22
 (Prefeitura de Capelinha/Divulgação)

(Prefeitura de Capelinha/Divulgação)

Agentes municipais de limpeza urbana trabalham nesta terça-feira (29) na limpeza das ruas de Capelinha, no Vale do Jequitinhonha, devido aos danos causados pela chuva na cidade. O prefeito José Antônio Alves de Sousa  decretou situação de emergência nessa segunda-feira (28) para que possa realizar intervenções de emergência sem necessidade de fazer licitação. Com a inclusão de Capelinha na lista, sobe para 18 o número de cidades em situação de emergência em Minas Gerais. O secretário municipal de obras Agnaldo Alves de Oliveira calcula que sejam necessárias, pelo menos, duas semanas para que a limpeza da cidade seja concluída. "A limpeza da cidade deve demorar cerca de duas semanas e não tem previsão para a conclusão dos serviços de recuperação total dos estragos, pois a meteorologia indica a possibilidade de novas chuvas sobre a cidade”, afirmou Oliveira por meio de nota.

O temporal registrado no último domingo (27) fez com que quatro pontes, que passam sobre o córrego Areião, ficassem comprometidas, as ruas alagadas e casas, imóveis públicos, como creches, e comerciais fossem inundados. A Coordenadoria de Defesa Civil Municipal (Comdec) ainda faz o monitoramento no município para identificar os prejuízos, contudo, não há informação sobre desalojados ou desabrigados. Por meio de nota, a prefeitura informou que choveu por cerca de uma hora e que o volume registrado foi de 105 milímetros no último domingo.  

 

Enxurrada invadiu creche Lar dos Pequeninos, no bairro Cidade Nova, e causou prejuízos

 

A rua Governador Valadares, uma das principais vias da cidade, ficou interditada nessa segunda-feira para remoção de entulho e de parte do calçamento. Nesta terça-feira, contudo, o tráfego já havia sido liberado, mas os motoristas ainda enfrentavam dificuldade para percorrer o trecho no centro da cidade.

De acordo com a assessoria de comunicação, os bairros mais afetados foram o Cidade Nova, Piedade e a área central da cidade. “Algumas ruas tiveram de 40 a 50% do calçamento prejudicado. A Alameda Juarez Barbosa, rua Ângelo Campos, a avenida Clóvis Pimenta e rua Primeiro de Maio, foram uma das mais afetadas pela chuva”, afirmou o assessor José Carlos.

 

Na área central da cidade, onde é realizada a feira aos sábados o calçamento foi muito abalado

 

Nas principais ruas do Centro de Capelinha é possível encontrar restos de árvores, entulho e partes do calçamento obstruindo as vias. “A principal preocupação agora é liberar esses acessos”, disse o assessor.

O auxiliar de enfermagem Valdir Pinheiro de Jesus estava de plantão no último domingo e demorou mais de uma hora para chegar ao trabalho por causa da chuva. “Estava impossível passar, a enxurrada era muito grande e a correnteza da água muito forte. Mesmo de carro, eu não tive coragem de passar”, relatou. O trajeto que ele realiza para chegar até o Hospital Municipal São Vicente de Paula seria de apenas 15 minutos, em um dia normal, segundo o auxiliar.

Como o prefeito da cidade participou do Encontro Nacional de Prefeitos e Prefeitas, em Brasília, no Distrito Federal, realizado nessa segunda-feira (28), a Coordenadoria de Defesa Civil Estadual (Cedec) ainda não foi notificada sobre o decreto.

População em alerta máximo

As autoridades capelinhenses orientam os moradores a se proteger em locais seguros nos próximos dias, já que deve continuar chovendo na região. A orientação é para que os comerciantes e familiares que tiveram seus estabelecimentos e casas atingidas solicitem ajuda à Comdec para que seja avaliada a  recuperação dos estragos e prejuízos.

Veja a galeria de imagens com a devastação causada pela chuva na cidade:

 

Capelinha, a "terra do café"

Localizada no Vale do Jequitinhonha, Capelinha possui 35.090 habitantes, de acordo com o último censo realizado pelo IBGE. Até novembro de 2011, a cidade tinha 23.743 eleitores. A 427 quilômetros da capital mineira, Capelinha possui 0,673 de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), abaixo da média do estado de Minas Gerais que é de 0,800. O Produto Interno Bruno (PIB) capelinhense é de R$ 5.957 por habitante. Parte da atividade econômica da cidade concentra-se na produção cafeeira e de eucalipto. A tradição no café concedeu o apelido de "terra do café" ao município.

Situação do Estado

Até agora, 22 mortes foram registradas no período de chuva de 2012/2013. O número supera o balanço do ano passado, quando 20 pessoas perderam suas vidas em decorrência da chuva. O tenente-coronel Fabiano Vilas Boas, secretário-executivo da Cedec-MG, lamentou o registro das mortes e chamou a atenção para a necessidade da prevenção de ocorrências desse tipo. “Infelizmente, a gente observa que a população não tem percepção de risco.

Em Minas Gerais, 18 cidades decretaram situação de emergência devido à chuva. A Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec) contabiliza que 5.847 pessoas estão desalojadas no Estado, sendo 4.500 em Bambuí, no Centro-Oeste Mineiro. Cerca de 398 casas foram danificadas, dez foram completamente destruídas, sendo 239 obras de infraestrutura danificadas no Estado e ainda 38 destruídas, conforme a Cedec.

Cento e oitenta e sete perderam suas casas e estão desabrigadas. Além disso, nove ficaram feridas. Na temporada passada, 239 cidades decretaram situação de emergência. O caos, a lama e o desespero fizeram com que 106.618 pessoas ficassem desalojadas e 9.594 desabrigadas, de acordo com o levantamento da Defesa Civil de Minas Gerais em relação ao período de 2011/2012.

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