(Prefeitura de Capelinha/Divulgação)
Agentes municipais de limpeza urbana trabalham nesta terça-feira (29) na limpeza das ruas de Capelinha, no Vale do Jequitinhonha, devido aos danos causados pela chuva na cidade. O prefeito José Antônio Alves de Sousa decretou situação de emergência nessa segunda-feira (28) para que possa realizar intervenções de emergência sem necessidade de fazer licitação. Com a inclusão de Capelinha na lista, sobe para 18 o número de cidades em situação de emergência em Minas Gerais. O secretário municipal de obras Agnaldo Alves de Oliveira calcula que sejam necessárias, pelo menos, duas semanas para que a limpeza da cidade seja concluída. "A limpeza da cidade deve demorar cerca de duas semanas e não tem previsão para a conclusão dos serviços de recuperação total dos estragos, pois a meteorologia indica a possibilidade de novas chuvas sobre a cidade”, afirmou Oliveira por meio de nota.
O temporal registrado no último domingo (27) fez com que quatro pontes, que passam sobre o córrego Areião, ficassem comprometidas, as ruas alagadas e casas, imóveis públicos, como creches, e comerciais fossem inundados. A Coordenadoria de Defesa Civil Municipal (Comdec) ainda faz o monitoramento no município para identificar os prejuízos, contudo, não há informação sobre desalojados ou desabrigados. Por meio de nota, a prefeitura informou que choveu por cerca de uma hora e que o volume registrado foi de 105 milímetros no último domingo.
Enxurrada invadiu creche Lar dos Pequeninos, no bairro Cidade Nova, e causou prejuízos
A rua Governador Valadares, uma das principais vias da cidade, ficou interditada nessa segunda-feira para remoção de entulho e de parte do calçamento. Nesta terça-feira, contudo, o tráfego já havia sido liberado, mas os motoristas ainda enfrentavam dificuldade para percorrer o trecho no centro da cidade.
De acordo com a assessoria de comunicação, os bairros mais afetados foram o Cidade Nova, Piedade e a área central da cidade. “Algumas ruas tiveram de 40 a 50% do calçamento prejudicado. A Alameda Juarez Barbosa, rua Ângelo Campos, a avenida Clóvis Pimenta e rua Primeiro de Maio, foram uma das mais afetadas pela chuva”, afirmou o assessor José Carlos.
Na área central da cidade, onde é realizada a feira aos sábados o calçamento foi muito abalado
Nas principais ruas do Centro de Capelinha é possível encontrar restos de árvores, entulho e partes do calçamento obstruindo as vias. “A principal preocupação agora é liberar esses acessos”, disse o assessor.
O auxiliar de enfermagem Valdir Pinheiro de Jesus estava de plantão no último domingo e demorou mais de uma hora para chegar ao trabalho por causa da chuva. “Estava impossível passar, a enxurrada era muito grande e a correnteza da água muito forte. Mesmo de carro, eu não tive coragem de passar”, relatou. O trajeto que ele realiza para chegar até o Hospital Municipal São Vicente de Paula seria de apenas 15 minutos, em um dia normal, segundo o auxiliar.
Como o prefeito da cidade participou do Encontro Nacional de Prefeitos e Prefeitas, em Brasília, no Distrito Federal, realizado nessa segunda-feira (28), a Coordenadoria de Defesa Civil Estadual (Cedec) ainda não foi notificada sobre o decreto.
População em alerta máximo
As autoridades capelinhenses orientam os moradores a se proteger em locais seguros nos próximos dias, já que deve continuar chovendo na região. A orientação é para que os comerciantes e familiares que tiveram seus estabelecimentos e casas atingidas solicitem ajuda à Comdec para que seja avaliada a recuperação dos estragos e prejuízos.
Veja a galeria de imagens com a devastação causada pela chuva na cidade:
Capelinha, a "terra do café"
Localizada no Vale do Jequitinhonha, Capelinha possui 35.090 habitantes, de acordo com o último censo realizado pelo IBGE. Até novembro de 2011, a cidade tinha 23.743 eleitores. A 427 quilômetros da capital mineira, Capelinha possui 0,673 de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), abaixo da média do estado de Minas Gerais que é de 0,800. O Produto Interno Bruno (PIB) capelinhense é de R$ 5.957 por habitante. Parte da atividade econômica da cidade concentra-se na produção cafeeira e de eucalipto. A tradição no café concedeu o apelido de "terra do café" ao município.
Situação do Estado
Até agora, 22 mortes foram registradas no período de chuva de 2012/2013. O número supera o balanço do ano passado, quando 20 pessoas perderam suas vidas em decorrência da chuva. O tenente-coronel Fabiano Vilas Boas, secretário-executivo da Cedec-MG, lamentou o registro das mortes e chamou a atenção para a necessidade da prevenção de ocorrências desse tipo. “Infelizmente, a gente observa que a população não tem percepção de risco.
Em Minas Gerais, 18 cidades decretaram situação de emergência devido à chuva. A Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec) contabiliza que 5.847 pessoas estão desalojadas no Estado, sendo 4.500 em Bambuí, no Centro-Oeste Mineiro. Cerca de 398 casas foram danificadas, dez foram completamente destruídas, sendo 239 obras de infraestrutura danificadas no Estado e ainda 38 destruídas, conforme a Cedec.
Cento e oitenta e sete perderam suas casas e estão desabrigadas. Além disso, nove ficaram feridas. Na temporada passada, 239 cidades decretaram situação de emergência. O caos, a lama e o desespero fizeram com que 106.618 pessoas ficassem desalojadas e 9.594 desabrigadas, de acordo com o levantamento da Defesa Civil de Minas Gerais em relação ao período de 2011/2012.