Intoxicação por dietilenoglicol

'Caso Backer': audiências com testemunhas da defesa serão retomadas na próxima segunda

Pedro Faria
pfaria@hojeemdia.com.br
17/03/2023 às 11:58.
Atualizado em 17/03/2023 às 12:22

Depois das audiências de testemunhas de defesa, com encerramento previsto para 3 de abril, será marcado o interrogatório dos réus (Reprodução/Google)

As audiências do caso envolvendo a cerveja Belorizontina, da Backer, serão retomadas na próxima segunda-feira (20). A contaminação por dietilenoglicol resultou na morte de pelo menos dez pessoas e deixou sequelas em 16, em janeiro de 2020.

Serão ouvidas cerca de 60 testemunhas de defesa até o fim de março. Os envolvidos na acusação já prestaram depoimentos em 2022.

No total, 11 pessoas foram denunciadas, sendo três sócios-proprietários da empresa por crimes como adulteração de bebidas alcoólicas.

Sete encarregados da fabricação de cerveja foram denunciados por lesão corporal e homicídio culposo, além dos crimes imputados aos sócios. Uma pessoa responde por prestar informações falsas no inquérito policial. Nenhum dos envolvidos foi acusado de crime doloso, quando há intenção de provocar a morte. Por isso, não haverá  júri popular.

O Ministério Público, que apresentou a denúncia à 2ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, afirmou que o uso indevido dos produtos tóxicos aliado à precária condição de manutenção da linha de produção das bebidas alcoólicas causaram dano irreparável à saúde pública, resultando nas mortes. 

No processo, os acusados alegam inocência, dizendo que não há provas suficientes para manter as acusações. 

O juiz Haroldo André Toscano de Oliveira, responsável pelo processo, considerou que a denúncia do MP traz os elementos necessários para que a acusação tenha continuidade e para que sejam ouvidas as testemunhas.

Relembre

O caso começou em janeiro de 2020, quando surgiram relatos de envenenamentos envolvendo moradores do bairro Buritis, em Belo Horizonte. Após investigação, constatou-se que havia uma ligação entre os casos: todos os contaminados haviam consumido a cerveja Belorizontina, produzida pela Backer.

Análises realizadas nas cervejas da marca constataram a presença de substâncias tóxicas aos seres humanos, o monoetilenoglicol (MEG) e dietilenoglicol (DEG). Inicialmente, buscou-se indícios de uma possível sabotagem na linha de produção da empresa, o que depois foi descartado. 

Em junho daquele ano, a investigação da Polícia Civil indicou que a contaminação ocorreu devido a um furo no sistema de refrigeração de um dos tanques utilizados pela cervejaria.

Em agosto de 2020, um relatório do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) confirmou a ocorrência de contaminações desde janeiro de 2019, afastando a possibilidade de ser um evento isolado no histórico de produção da cervejaria.

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