A atualização da "lista suja" do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), divulgada nessa segunda-feira (7), incluiu o nome do cantor Leonardo entre os empregadores que submeteram trabalhadores a condições análogas à escravidão. O caso ocorreu no interior de Goiás, mas joga holofotes em Minas, estado que lidera o ranking de resgates de trabalhadores explorados.
Já foram 316 este ano, em 69 ações de fiscalização realizadas pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego.
"Minas, historicamente, é o estado que mais faz resgate. Isso porque fomos o primeiro a criar, em 2013, um grupo específico para o combate a essa prática", diz Rogério Lopes da Costa Reis, diretor da Delegacia Sindical dos Auditores Fiscais do Trabalho de Minas Gerais.
"Recebemos denúncias de diversas fontes, o que nos permite agir de forma proativa e eficaz. Esse esforço conjunto faz com que Minas Gerais esteja à frente no combate ao trabalho escravo", observou Reis.
Os dados se refererem apenas às fiscalizações executadas pela Superintendência. Ou seja, podem ser ainda maiores. Em Minas, um dos principais alvos são plantações de café. No caso do cantor Leonardo, o artista informou ter arrendado a fazenda em 2022.
"O que a gente mais encontra são estas terceirizações feitas de forma ilícita, jogando responsabilidade para o outro. Acontece muito em carvoarias e colheitas de café, que temos muitos resgates aqui em Minas. Nas fiscalizações, temos conversas com os proprietários, mas eles, geralmente, dizem que não era intenção, que não sabiam da situação", conta Rogério Reis.
Desde 2020, as denúncias de trabalho escravo são centralizadas no Sistema Ipê, uma plataforma digital criada pela Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT) do Ministério do Trabalho.
A partir dessa ferramenta, qualquer pessoa pode registrar denúncias de maneira anônima, com praticidade e segurança.
Para o sindicato, a inclusão de personalidades como Leonardo na lista suja não apenas gera repercussão, mas também destaca a necessidade de uma vigilância constante nos ambientes de trabalhos, sejam urbanos ou rurais.
"Isso dá mais evidência ao combate ao trabalho escravo. Há uma naturalização da situação. Dizem que são pessoas muito simples, que onde moravam era pior. Tem que se mudar a mentalidade da sociedade e ver que é um problema real e que as pessoas não podem buscar subterfúgios para não ter responsabilização na busca pelo lucro exorbitante", acrescenta o diretor da Delegacia Sindical dos Auditores Fiscais.