Casos de dengue crescem 400% em BH

Raquel Ramos e Ana Lúcia Gonçalves - Hoje em Dia
Publicado em 28/10/2015 às 06:44.Atualizado em 17/11/2021 às 02:14.
 (Leonardo Morais)
(Leonardo Morais)

O Aedes aegypti nunca fez tantas vítimas no Brasil quanto em 2015. Além de este ter sido o ano com recorde de mortes por dengue, o último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde mostrou que o país também alcançou o maior número de casos notificados da doença desde 1990. Belo Horizonte é uma das cinco capitais com mais ocorrências.

Até a última sexta-feira, exatas 15.385 pessoas tiveram o diagnóstico de dengue confirmado na cidade – crescimento de 407% em relação ao ano passado inteiro, quando foram registradas 3.031 casos da enfermidade.

Justificativas

Vários fatores podem justificar esse aumento, segundo a gerente de Vigilância em Saúde e Informação da Secretaria Municipal de Saúde, Maria Tereza Oliveira. “As condições climáticas foram muito favoráveis à proliferação do mosquito. Além de calor intenso, tivemos mais chuva do que em 2014, e em meses que, tradicionalmente, são secos”. Isso explicaria a grande concentração de ocorrências em abril e maio, quando a taxa de incidência da doença já deveria ser menor.

O armazenamento de água em função da crise hídrica também pode ter motivado a expansão da dengue em BH, bem como em outras partes do Estado. “Muita gente não se preocupou em vedar os recipientes onde a água da chuva era recolhida”, diz Maria Tereza.

Governador Valadares

Aliás, essa também é a principal causa para um possível aumento da infestação do mosquito em Governador Valadares, no Leste de Minas, segundo o gerente do Centro de Zoonoses da cidade, José Batista dos Anjos. Ele informou que o Levantamento de Índice Rápido por Infestação de Aedes aegypti (LirAa) de 2015, que tem por objetivo identificar locais com maior chance de ocorrência da doença, deve ser divulgado nos próximos dias. Porém, já há um indicativo de aumento no número de infestação do Aedes, o que pode significar aumento dos casos em 2016.

Alternativa

No bairro Morada do Vale, onde mora a advogada Fernanda Ribeiro, de 37 anos, o índice do segundo LirAa foi o menor: 3,5%. Nesta terceira coleta, ele deve aumentar.

A casa dela fica no ponto mais alto da rua Joaquim Faria Salgado, e está sem água canalizada há 16 dias. Consciente do risco, Fernanda mantém a caixa d’água que comprou essa semana para usar como reservatório, bem fechada.

Estado se prepara para enfrentar o próximo período de transmissão: preocupação aumenta
Esperava-se que com a falta de chuva em Minas Gerais a dengue recuasse. Porém, o que tem acontecido em 2015 é justamente o contrário: de janeiro a setembro, houve 137.729 registros confirmados da doença, um aumento de 185% em relação ao mesmo período do ano passado (48,3 mil).

A Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) informou, por meio de nota, que está atenta ao problema. Tanto que promoveu em julho, juntamente com representantes das 28 unidades regionais de saúde e de todos os municípios com mais de 100 mil habitantes, uma revisão das diretrizes estaduais para controle da dengue.

Neste momento, diz a nota, a SES estimula a elaboração dos planos de contingência municipais para futura pactuação no nível regional e preparação para o enfrentamento do próximo período de transmissão. O LirAa é realizado em 136 municípios do Estado, em outubro.

FATORES

A transmissão de dengue ocorre devido a circulação do vírus, a disponibilidade de vetores e de pessoas susceptíveis à doença. Minas Gerais possui clima favorável à proliferação do Aedes aegypti, uma população de 20 milhões de habitantes e a circulação comprovada de dois sorotipos de vírus que transmitem dengue: o 1, que é predominante, e o 4.

Ainda de acordo com a SES, para evitar a doença é fundamental que as pessoas reforcem as medidas de eliminação dos criadouros do mosquito transmissor.

Entre as medidas estão verificar se a caixa d’água está bem fechada; não acumular vasilhames no quintal; verificar se as calhas não estão entupidas e eliminar pratos dos vasos de planta.

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