Engana-se quem pensa que o Carnaval é só diversão. Renascida de um movimento político, em protestos na Praça da Estação, a festa que retorna neste sábado (18) em Belo Horizonte, após dois anos, reforça cada vez mais pautas em prol da conscientização. Em 2023, tradicionais blocos de rua vão usar os desfiles para levantar bandeiras sobre questões ambientais, inclusão social, respeito às mulheres e até mesmo empatia ao próximo, em tempos de ataques frequentes de ódio nas redes sociais. E eles prometem muito enjagamento, mesmo com a previsão de chuva.
Caso do Pena de Pavão de Krishna, que desfila neste domingo. O grupo traz como tema a defesa da Serra do Curral. A coordenadora de produção do grupo, Dezza Coutinho, conta que os participantes trazem à tona temas ligados à natureza desde a formação, em 2014.
“O Pavão sempre levantou essas causas. Em 2014, a gente saiu no Jardim América por conta de um parque que o mercado imobiliário quer tomar. Depois fomos para o Barreiro em prol das nascentes que sobem para o arrudas. Já fomos para Caeté onde uma mineradora queria atuar em uma área de nascente”.
Escolha unânime
Nesta edição, Dezza afirma que a escolha pela Serra do Curral foi unânime pelos organizadores. Mineradoras tentam autorização da Justiça para atuar em áreas do cartão-postal. Em dezembro de 2022, por determinação da Justiça Federal, as atividades de extração foram barradas. No entanto, a paralisação das atividades não garante o tombamento integral.
“No cenário que vivemos hoje não tinha outra pauta que não fosse o tombamento da Serra do Curral”. O bloco destaca que, além de formar a paisagem da capital, a Serra do Curral é fundamental para manutenção a vida dos moradores da região.
“A gente quer alertar a população para as pessoas entenderem essa importância. Infelizmente, a mineração está acabando com Minas, então precisamos preservar. A gente não quer luz para o Pavão, queremos luz para os movimentos que defendemos. Chamar atenção através do bloco para essa galera que está lutando para uma sociedade inteira”, garante.
As bandeiras levantadas no bloco são temas, inclusive, dos samba enredos que embalaram o desfile. Em edições passadas, letras sobre o rompimento da barragem de Mariana e a crescente crise Yanomami embalaram os cortejos. Nesta edição, a canção “Terra, luta e luz” vai movimentar a festa.
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