Cemitério do Bonfim revela obras de arte que sobressaem à morbidez

Raquel Ramos - Do Hoje em Dia
04/07/2012 às 14:11.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:18
 (André Brant)

(André Brant)

No silêncio de milhares de túmulos, elementos decorativos e esculturas presentes no Cemitério de Nosso Senhor do Bonfim têm muito a contar. Eles guardam a história de uma Belo Horizonte de pouco mais de um século atrás, época em que a cidade tinha acabado de deixar o título de arraial para ser inaugurada como capital. O valor histórico do lugar é reconhecido por pesquisadores de todo o Brasil, que observam nos jazigos e nas obras artísticas a manifestação de diversos estilos, que variam da art nouveau ao modernismo.

As antigas esculturas no topo dos mausoléus, que até hoje compõem a paisagem do cemitério, são de João Amadeu Mucchiut, de Nicola Dantolli, de Antônio Folini, dos irmãos Natali (Ernesto, Trento, Carlo e Augusto), entre outros estrangeiros radicados em solo mineiro.

Mais do que um sentido religioso, cada obra revela um significado social. “As próprias famílias compravam as estátuas como forma de culto aos mortos. Mas elas também podem ser vistas como um gesto de vaidade e opulência”, explica a doutora em história Marcelina das Graças de Almeida.

Segundo ela, os túmulos obedeciam à estética do ecletismo, movimento predominante na época da construção do Bonfim, que busca referências em estilos anteriores, como o art decó, neoclássico, construtivismo e modernismo.

Tombamento

Na arquitetura, o destaque do cemitério do Bonfim está no prédio com características neoclássicas, construído para funcionar como necrotério. No entanto, o edifício nunca chegou a atender a esse propósito. “Por algum tempo, esse edifício acabou servindo como capela para velórios e, hoje, o local está desativado por problema de infiltração na cobertura”, explica o analista de gestão, proteção e restauro do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha) André de Sousa Miranda.

Dentro do Bonfim, esse é o único bem tombado pelo Iepha, e ainda mantém elementos decorativos originais. Para preservar o local, a Fundação Municipal de Parques discute com o Conselho Deliberativo de Patrimônio Histórico detalhes para uma obra de restauração. Ainda não há data prevista para o início das intervenções.

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