Cena cultural intensa é alento em meio à degradação do Centro de BH

Raquel Ramos - Hoje em Dia
26/07/2014 às 08:51.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:31
 (SAMUEL COSTA)

(SAMUEL COSTA)

Em meio a vários problemas que degradam a região mais movimentada da capital, uma outra face do Centro começa a despontar após melhorias recentes em equipamentos culturais da cidade. As reformas em museus, teatros e casas de exposição contribuem para colocar em evidência a vocação artística dessa área de Belo Horizonte, que, hoje, tem mais de 20 espaços com rica programação.   Na Praça 7, a beleza do Cine Theatro Brasil Vallourec destoa das edificações vizinhas. Fechado para reforma durante seis anos, o prédio projetado em 1930 reabriu as portas em outubro de 2013. Com sete pavimentos e atividades variadas, como mostras, stand ups, shows e peças, exatos 157.652 visitantes já passaram pelo local desde então – uma média de 17,5 mil pessoas por mês.   Próximo dali, o tradicional teatro Francisco Nunes, dentro do Parque Municipal, também está de cara nova. Uma intervenção foi responsável por devolver o encanto e a originalidade à construção dos anos 50, que segue o estilo modernista.   “O investimento feito no Chico Nunes foi um grande acerto porque resgatou também a história de BH que passou por ali. É um espaço querido por muitos”, diz Mariluce Duque, arquiteta responsável pelos trabalhos no local.     Benefícios   Para ela, obras de revitalização nos equipamentos culturais no Centro da capital, bem como o esforço para mantê-los preservados ao longo dos anos, sempre valem a pena. É um dos caminhos para tornar a região mais atrativa e fisgar a população que, por muito tempo, evitou passar pela área, explica.   Essa mesma estratégia, aliás, já foi utilizada em outras cidades do mundo, como em Bogotá, na Colômbia, referência em urbanismo para o Brasil.   Diretora de ação cultural da Fundação Municipal de Cultura, Simone Araújo afirma que há dois movimentos distintos dispostos a renovar os equipamentos culturais de BH. “O setor público está empenhado em dotar a cidade de equipamentos novos, e a iniciativa privada segue essa mesma linha. Seja com recursos próprios ou valendo-se das leis de incentivo”.    Como resultado dessas ações, avalia, cresceu o número de espaços readequados nos últimos anos para atender a cultura e a arte efervescentes do Centro da capital.      Zona Cultural Praça da Estação será referência   Há uma semana, os belo-horizontinos têm acesso a outro espaço cultural que passou por uma transformação. O casarão que abriga o Centro de Referência Audiovisual (Crav), na avenida Álvares Cabral, ganhou pintura nova e intervenções que restauraram as características originais da arquitetura da década de 20. O teatro Sesc Palladium, Teatro Marília e o Centro de Referência da Moda também integram a lista de equipamentos entregues há pouco tempo à população.   A Zona Cultural Praça da Estação é outra tentativa da Prefeitura de dar um novo uso a áreas degradadas do Centro e entorno. São 25 espaços – como o Museu de Artes e Ofícios, Serraria Souza Pinto e Centro Cultural UFMG – que, além de melhorias e sinalizações adequadas, passarão a ser referência para os visitantes de BH.   As iniciativas são bem-vindas, afirma Marcelo Castro, um dos fundadores do grupo Espanca. No entanto, insuficientes para atender as demandas do público mineiro. “A cidade tem uma cena cultural muito forte, que deveria ser mais valorizada. Não deveríamos permitir que esses lugares chegassem nesse ponto de degradação. Mas, agora, a preocupação deve estar em investir em mais programações para que os espaços não fiquem ociosos”.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por