Chacina de Unaí terá julgamento nove anos depois

Alessandra Mendes - Do Hoje em Dia
11/01/2013 às 07:15.
Atualizado em 21/11/2021 às 20:31
 (Renato Cobucci)

(Renato Cobucci)

Após nove anos, finalmente deve ser marcado o julgamento dos acusados de matar quatro servidores do Ministério do Trabalho – três fiscais e um motorista – no Noroeste de Minas, caso que ficou conhecido como Chacina de Unaí.

Em resposta a um ofício enviado pelo Ministério Público Federal (MPF) pedindo agilidade na ação, o corregedor Nacional de Justiça entrou em contato com a juíza da 9ª Vara Federal de Belo Horizonte que está com o processo. A magistrada afirmou que o júri deve ser marcado no mês que vem.

Notícia comemorada pelos parentes das vítimas que, apesar do tempo, não perderam as esperanças.

“Nunca duvidei que o julgamento fosse acontecer, mas fui avisada de que iria demorar porque todos os recursos poderiam ser explorados pelos réus para protelar o fim do processo”, diz Helba Soares da Silva, de 49 anos, viúva de Nelson José da Silva. O auditor fiscal do trabalho foi assassinado em 28 de janeiro de 2004.

Nelson, os colegas Eratóstenes de Almeida Gonçalves e João Batista Soares Lage e o motorista Ailton Pereira de Oliveira foram vítimas de uma emboscada quando seguiam para a fazenda da família Mânica. O grupo investigava a ocorrência de trabalho escravo na região. Das nove pessoas indiciadas por homicídio triplamente qualificado, cinco estão em liberdade e quatro, presas.

Nenhuma foi a julgamento até agora.
 
Apelações
 
A explicação para tanta demora está, segundo o MPF, nos recursos impetrados pela defesa dos réus para adiar o julgamento. Fato que o advogado de Antério Mânica, denunciado como um dos mandantes da chacina, nega.

“Durante oito anos, a defesa insistiu para que ele fosse julgado, o que foi impedido pelo MPF. Não houve protelação por parte do réu, mesmo porque não há provas contra ele”, diz o criminalista Marcelo Leonardo.

Aguardar quase dez anos pela marcação de um julgamento é algo inaceitável até aos olhos dos operadores do judiciário. “O que se busca é uma resposta mais célere, principalmente nesse tipo de caso. Quando não existe proteção para quem nos protege, a situação é ainda mais crítica”, afirma o corregedor Nacional de Justiça interino, Jefferson Kravchychyn.

Espera com a qual os parentes das vítimas aprenderam a conviver, mas não a se conformar. “No início, tinha medo de falar alguma coisa, mas nunca me mudei de Unaí. Depois, quando os via na rua, eu gritava meu ódio”, lembra Helba. “Agora eles é que são apontados, vistos como bandidos. O que vivi antes, eles estão vivendo agora, numa carga muito pior. E ainda não terminou”.
 

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