A retirada dos rejeitos que vazaram após o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, e que foram parar nas imediações da Usina Hidrelétrica de Candonga, vai demorar mais que o esperado. Inicialmente, a dragagem deveria ser concluída até o fim deste ano. Entretanto, o prazo foi alterado para junho do ano que vem porque a quantidade de sedimentos aumentou. Agora, a Samarco já admite a possibilidade de o trabalho se estender até 2018 por causa do impacto das chuvas.
Desde o início de novembro até a semana passada, pelo menos 130 mil metros cúbicos de sedimentos foram levados pelos cursos d’água até a região da usina. A mineradora já retirou quase 600 mil metros cúbicos e teria que remover outros 700 mil. O número, no entanto, subiu agora para 830 mil e pode crescer ao longo do período chuvoso, que ainda não está nem na metade.
“Isso ainda vai continuar aumentando e não é um problema, nada que a gente não sabia que iria acontecer. Nosso trabalho é proporcional ao que precisa ser retirado. É uma conta linear, os órgãos ambientais e autoridades envolvidas no processo estão cientes e acompanham essa situação do efeito do carreamento”, explica Rodrigo Abreu, engenheiro da Samarco que coordena as atividades em Candonga.
Verificações
Na primeira vistoria, em dezembro de 2015, foram constatados 550 mil metros cúbicos depositados perto de Candonga. Em março deste ano, após o período chuvoso de 2015/2016, esse número subiu para 1,3 milhão de metros cúbicos.
Com as chuvas mais intensas neste ano, a quantidade total de sedimentos se espalha por 400 metros à montante (rio acima) da usina e pode chegar a até 2,3 milhões de metros cúbicos. A estimativa é da própria Samarco.
“Estamos trabalhando sete dias por semana, 24 horas por dia, para retirar o máximo possível (de rejeitos). Mas, trabalhamos condicionados a variáveis que não temos domínio, como chuva e vazão do rio, e esse tipo de coisa torna o cronograma um pouco impreciso”, justifica Abreu.
Prazo Apertado
O Ibama, que fiscaliza as medidas implementadas desde a tragédia que matou 19 pessoas, em novembro do ano passado, quer que o trabalho termine antes do início do próximo período chuvoso, em outubro de 2017.
“Nós não estamos consolados com essa extensão de prazo. A dragagem dos 400 metros é dependente da finalização dos barramentos ao longo do trecho nas imediações de Candonga. O que nós consideramos é que é possível dragar todo o rejeito a partir da finalização das obras de dois dos três barramentos que estão sendo construídos para conter os sedimentos”, afirma o superintendente o Ibama em Minas, Marcelo Belisário.
Mesmo com o aumento recente da quantidade de rejeitos depositados nas imediações da barragem de Candonga, a usina está dentro dos níveis de segurança exigidos. Em nota, o consórcio que administra a usina informou que “vem monitorando a sua barragem diariamente e, de acordo com as avaliações realizadas e nas presentes condições, a barragem está estável”.