Quem consome cigarros contrabandeados também corre riscos. Médicos apontam que o produto, na maioria dos casos, possui mais substâncias nocivas do que o normal.
“Um estudo recente feito pela Universidade de Ponta Grossa, no Paraná, analisou quimicamente esse tipo de cigarro e o resultado foi escandaloso. As milhares de toxinas se tornam mais passíveis de serem incorporadas pelas células, o que aumenta a chance de o usuário ter vários tipos de câncer”, explica o médico André Murad, do departamento de Clínica Médica da UFMG.
“Além disso, encontraram nos cigarros contrabandeados patas de insetos, fungos e muitas contaminações por metais pesados. São produtos com oito vezes mais chumbo, cromo, manganês e mercúrio. Essas substâncias são extremamente tóxicas não só para a respiração, mas para os rins, fígado e vários outros órgãos”, destaca Murad.
Concorrência
A diferença gritante entre o preço praticado no mercado paraguaio e brasileiro também é determinante para a alta demanda pelos cigarros contrabandeados. Segundo o Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (Idesf), um maço pode custar o equivalente a R$ 0,70 no país vizinho, enquanto no Brasil, o menor valor encontrado no mercado está na casa dos R$ 6 – diferença é de mais de 750%.
De acordo com a Polícia Militar, o patrulhamento gera apreensões constantes de carga. Há duas semanas, segundo a corporação, 50 mil maços de cigarros oriundos do Paraguai foram apreendidos em Ribeirão das Neves, na Grande BH. O flagrante gerou um prejuízo de R$ 300 mil aos contrabandistas.
“Temos mais de 16 mil quilômetros de fronteiras e é muito difícil que as forças responsáveis monitorem todo esse espaço. Ainda assim, as abordagens a veículos suspeitos sempre são feitas e as cargas apreendidas são entregues para que Polícia Federal investigue”, explica o tenente-coronel Evandro Borges, da PM de Ribeirão das Neves.
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