O empresário Eire Salomão Barbosa da Silva, dono do Precisão Atacadista, empresa atacadista de bebidas e alimentos, foi preso nesta quarta-feira (28) durante uma operação do Ministério Público Estadual (MPE), Secretaria da Fazenda de Minas Gerais (SEF/MG); Polícia Civil de Minas; Ministério Público e Secretaria de Estado de Fazenda do Espírito Santo (MPES). Ele é suspeito de chefiar uma quadrilha que sonegava impostos em Minas Gerais e no Espírito Santo.
A estimativa da força-tarefa que conduziu a Operação Sanguinello é que de o prejuízo aos cofres públicos tenham sido superiores a R$ 120 milhões. Desse montante, R$ 63 milhões já foram confirmados pelo fisco mineiro, segundo o promotor de Justiça de Minas, Fábio Reis Nazaré.
Outras quatro pessoas também foram presas, sendo duas em Itaúna, no Centro-Oeste do Estado e, um casal, donos na New Red, maior empresas de distribuição de bebidas destiladas do Brasil, em Vila Velha (ES). Três suspeitos não foram localizados e são considerados foragidos.
De acordo com o promotor Fábio Reis, documentos aprendidos e informações contidas nos computadores das empresas evidenciaram a existência de um esquema mais amplo. “Há suspeita de simulação de operações mercantis e vendas inexistentes com o objetivo de sonegar o Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS) nos dois estados”, explica.
Durante as investigações foi apurado ainda que a importadora de bebidas New Red, dos empresários Ricardo Cortelette e Sandra Cortelette, emitia notas fiscais em nome de empresas fantasmas em outros estados como Goiás para acobertar o esquema de sonegação de bebidas e produtos alimentícios.
Esses produtos eram descarregados em várias empresas que estavam em nome de laranjas na região do Ceasa Minas, em Contagem, na Região Metropolitana de Minas Gerais (RMBH). “O Precisão Atacadista era o grande beneficiário do esquema criminoso. Livres dos impostos, a empresa podia colocar os preços das mercadorias até 40% mais baratos que os concorrentes”, afirmou superintendente da Receita Estadual, Anderson Aparecido Félix.
Para justificar a entrada da mercadoria e acertar o estoque, eram usadas notas fiscais emitidas por empresas fictícias, a maioria delas sediadas em Itaúna. A estratégia permitia que o ICMS incidente nas operações acabasse sendo assumido por essas empresas de fachada. Se condenados, os suspeitos podem pegar até 20 anos de prisão pelos crimes de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, falsidade ideologia e sonegação tributária.
Além das prisões, foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão em empresas e residências nas cidades de Belo Horizonte, Betim, Contagem, Divinópolis, Itaúna e Vila Velha.
A reportagem tentou falar com representantes do Precisão Atacadista, mas ninguém foi encontrado para comentar o caso.