Colônia italiana prepara festa na Savassi e se empenha para valorizar as tradições do país

Izabela Ventura - Hoje em Dia
14/05/2014 às 07:37.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:34

(Frederico Haikal/Hoje em Dia)

Ma che bella notizia! Entusiastas da cultura italiana estão se empenhando para manter viva a tradição ítalo-brasileira que, em Belo Horizonte, tem se restringido à gastronomia. Com festivais e projetos típicos, a cidade pretende mostrar que pode ser um dos redutos italianos que ainda cultivam as referências daquele país.


Uma das tentativas de aproximação das duas culturas é a Festa Tradicional Italiana de BH, que acontece no mês que vem. O evento toma conta da Savassi, bairro que pode ser considerado um pedacinho, mesmo que pequeno, do país europeu em BH.


Dono do restaurante La Traviata, Renato Savassi Biagioni, descendente dos primeiros moradores do bairro, é “o último Savassi da Praça” – o único membro da família que ainda trabalha lá. Ele vende as deliciosas pastas artesanais, e a receita de capeletti ainda é a mesma da “nonna” Antonina. Atualmente, o laço mais forte da família com a Itália é mesmo a tradição à mesa.


O avô dele, Arthur, desembarcou no Brasil no século 19 e acabou virando um imigrante patriota, “tanto que ouvia ‘A Hora do Brasil’ todos os dias, de mãos dadas comigo”, lembra Renato.


“A Savassi passou por várias fases e tem várias vocações: as butiques, a vida noturna, as grandes empresas de telefonia... mas a raiz gastronômica, especialmente a italiana, permanece forte”, afirma.


O empresário Cantídio Lanna também se rendeu às tradições da família, sempre envolvida com produtos alimentícios. Em 1981, foi fundada o Buona Távola, também na Savassi, que hoje é do irmão dele. Em 1996, ele abriu o restaurante/casa de massas/buffet Pichita Lanna.


No comércio, ele tenta reproduzir o cenário vivenciado na família todos os domingos: casa cheia de gente reunida em uma mesa farta. É esse o gosto que ele pensa haver de mais próximo entre mineiros e italianos. “Também são dois povos calorosos, acolhedores”, diz o membro da família originária da Calábria.


Grupo propõe criação de casa de cultura e uma praça


Apesar de resgatada por meio de festivais e restaurantes típicos, especialistas em cultura italiana afirmam que Belo Horizonte carece de mais representações concretas do país europeu.


“Observamos a identidade italiana basicamente manifestada em restaurantes, mesmo assim os legítimos são poucos, sendo a maioria apenas de apelo italiano. Não há, por exemplo, uma casa de cultura típica”, afirma Geraldo Angelino, o Gegê, fundador da Associação Amigos do Vêneto de Minas Gerais (Amici).


Gegê defende ainda a criação da “praça da República Italiana”. E não faltam motivos para isso. A colônia italiana é a maior de BH. Na capital mineira há 450 mil descendentes até a terceira geração, cerca de 3,5 milhões no Estado, segundo a Amici.


O vice-presidente da Associação de Cultura Ítalo-Brasileira de Minas Gerais (Acibra), Anísio Ciscotto, cita como outros pontos de influência italiana em BH a arquitetura – prédios como a prefeitura, a Santa Casa e o colégio Santo Agostinho foram projetados pelo arquiteto Raffaello Berti – e a vocação para as artes. “A temporada de ópera no Palácio das Artes é sempre um sucesso”, exemplifica.
 

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