Com medo de doença, cidades solicitam retirada de capivaras

Ricardo Rodrigues - Hoje em Dia
10/01/2015 às 09:52.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:37
 (Carlos Rhienck)

(Carlos Rhienck)

O conflito provocado pela presença de capivaras nas áreas urbanas não é “privilégio” de Belo Horizonte. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em Minas Gerais recebeu pedidos de 15 prefeituras para o manejo de animais em 2014. Desse total, Belo Horizonte, Sete Lagoas e Ponte Nova obtiveram autorização.
“Há necessidade de programas de educação ambiental para mediar esses conflitos”, defende o analista ambiental Junio Augusto dos Santos Silva, do Ibama. Segundo ele, no órgão federal há várias demandas em andamento. “Temos pedidos de municípios e de entidades privadas”, conta.
Entre os que convivem com o problema, há também quatro condomínios de luxo da região metropolitana, que encaminharam ou estão elaborando planos de manejo para a retirada desses animais. Moradores do Nossa Fazenda, em Esmeraldas, do Canto das Águas, em Rio Acima, e do Alphaville estão tentando resolver o problema, segundo o órgão federal.
“De Norte a Sul de Belo Horizonte temos essa situação. O senso comum é retirar o bicho. Mas para isso é preciso ter subsídios técnicos”, explica Junio. Como prevê a legislação sobre o manejo de fauna silvestre em vida livre, na proposta de plano de manejo deve constar o mapeamento da espécie, com o número de machos, de fêmeas, de adultos, subadultos e filhotes, além da estrutura dos grupos. “Não existe tomada de decisão sem essas informações. Seria atitude irresponsável”, diz Junio.   Ponte Nova
Em Ponte Nova, na Zona da Mata, 30 capivaras já foram removidas das margens rio Piranga, na área central da cidade, e levadas para o ambiente natural com lagoas e vegetação de mata atlântica. O parque tem 249 hectares e está próximo da área urbana. “Os animais estão bem adaptados. Não estavam infectados”, disse a engenheira ambiental Ana Luiza Bomfim, da Prefeitura de Ponte Nova. A retirada foi determinada pelo Ministério Público .
Já em Sete Lagoas, na região Central do Estado, 17 capivaras foram retiradas da orla da lagoa da Boa Vista, no centro da cidade. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente informou que havia muitas reclamações de moradores da Boa Vista, que, além do medo de doenças, relatavam o atropelamento de animais teriam sido atropelados. Elas foram levadas para o parque da Cascata, na Serra de Santa Helena.
Família suspeita que jovem contraiu doença após passeio   A família de um garoto de 15 anos suspeita que ele tenha sido vítima de febre maculosa após passear pela orla da lagoa da Pampulha. O jovem J.M. está internado desde a manhã do dia 1º de janeiro no Hospital Belo Horizonte, na região Nordeste da capital. A região da lagoa está sob alerta da prefeitura por causa da presença de capivaras contaminada pela doença, transmitida ao homem por picada do carrapato-estrela infectado pela bactéria Rickettsia rickettsii e que pode levar à morte.
Segundo a mãe do adolescente, a empresária Andrea Castanon, moradora do bairro São Luís, na região da Pampulha, a família fez um passeio na orla da lagoa, no dia 30 de dezembro. “Ele se sentou num banco, de chinelos e bermuda. Eu ainda brinquei com ele, sentada na grama, sobre o risco dos carrapatos. O local fica longe do Parque Ecológico, nunca imaginei. A picada (do carrapato) foi no pé”, disse. No dia seguinte, segundo a mãe, o garoto já reclamava com manchas vermelhas nos pés e nas mãos, dor de cabeça e dor na nuca.
Andrea se assustou com a velocidade da piora do quadro de saúde do filho. “Meu filho quase morreu. Ficou a noite inteira no quarto com febre que não diminuía nem tomando remédio na veia. Não estava respirando direito e teve de ficar no oxigênio. Eu sei o que passei com meu filho. Ali na Pampulha é mesmo um campo minado”, desabafou a empresária.
Ela conta que a equipe médica que atendeu o garoto suspeitou primeiramente de meningite, mas algum tempo depois, os médicos, segundo ela, viram que podia ser febre maculosa e notificaram a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA).
O primeiro exame para diagnosticar a doença foi feito no dia 3 pela Fundação Ezequiel Dias (Funed). Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde descartou a doença. “A Vigilância Epidemiológica da SMSA descartou o caso como suspeito para febre maculosa, a partir de avaliação clínica, e de exames encaminhados e realizados pela Funde, que apresentaram resultado negativo para a doença”, informou a nota enviada ao Hoje em Dia.
No entanto, a pasta não informou qual doença o garoto tem, mesmo procedimento adotado pelo hospital.
Segundo o Hospital Belo Horizonte, o quadro de saúde do jovem é estável e está evoluindo bem. Ele deverá receber alta até o fim da semana que vem.

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