(Valéria Marques / Hoje em Dia)
O número de furtos de cabos de cobre em Belo Horizonte entre janeiro e novembro de 2022 já supera o total registrado em todo o ano passado. A modalidade registra aumento expressivo nos últimos três anos, conforme balanço da Cemig. Na tentativa de coibir a criminalidade, moradores da capital adaptaram estruturas de metal pontiagudas para impedir a ação de ladrões.
Na avenida Nossa Senhora de Fátima, no bairro Carlos Prates, região Noroeste da capital, a reportagem do Hoje em Dia flagrou diversos postes de energia elétrica adaptados com concertinas e espetos de ferro, usualmente usados em muros.
(Valéria Marques / Hoje em Dia)
Para o técnico de eletrônica Manoel Pereira dos Santos, de 64 anos, a "gambiarra" fez com que o crime diminuísse na região. "Melhorou um pouco. Não é 100%, mas uns 20%. Eles (os ladrões) são muito ágeis e muitos sábios. Depois que passamos o cabo de alumínio diminuiu um pouco", conta.
A manicure Vitória Marcela, de 21 anos, acredita que a proteção deveria ser adotada em todos os postes da capital. Ela conta que o salão onde trabalha já chegou a ficar fechado por falta de energia após o roubo de fios na rua.
"A proteção é legal, mas deveria ter em todos os postos. Em frente ao meu serviço mesmo não tem essa proteção e eles sempre estão roubando os cabos e fios e tem vezes que não dá nem pra trabalhar por conta da falta de luz", reclama.
Números
Conforme balanço da Cemig, o crime tem gerado grande número de ocorrências na capital e na região metropolitana. Ao todo, 8,17 km de fios já foram furtados neste ano em BH. O número já supera o registrado em 2021 (6 km), 2020 (6,75 km) e em 2019 (7,13 km).
Segundo a estatal, além dos transtornos gerados para os consumidores e dos riscos de acidentes graves, morte ou sequelas irreversíveis para quem tenta furtar equipamentos, a modalidade criminosa também já gerou um prejuízo de R$ 4,2 milhões aos cofres públicos nos últimos quatro anos, com mais de 28 km de fios furtados.
Para combater esse tipo de crime, a Cemig conta com o apoio da Polícia Civil, que trabalha na investigação e consequente criminalização dos envolvidos no furto e receptação deste material, e, também, desenvolve uma série de medidas que têm o objetivo de evitar esse tipo de prática.
Em regiões como o hipercentro e a Savassi, o uso de novas tecnologias de trancas e cadeados, além da instalação de grades e tampas bastante pesadas nas galerias da rede subterrânea foram adotadas para impedir a ação dos criminosos.
"Gabiarra" anti-furto é um risco, alerta Cemig
Segundo a Cemig, as estruturas metálicas adaptadas nos postes, como as flagradas pela reportagem, são irregulares e trazem riscos para os instaladores, além de dificultar o acesso dos eletricistas para a manutenção do sistema elétrico.
"Além do risco de choque elétrico, existe o risco de queda por altura durante a afixação dos enfeites e isto pode ser fatal. Ao se depararem instalações irregulares nos postes, de qualquer natureza, como afixação de placas, faixas, entre outras, as equipes da Cemig providenciar a retirada das mesmas e orientar os responsáveis sobre os riscos envolvidos", ressalta a empresa.
A reportagem do Hoje em Dia também procurou a Prefeitura de BH sobre as estruturas irregulares instaladas nos postes e aguarda retorno.
Leia mais:
Grupo de indígenas venezuelanos chega a BH após passagem por Juiz de Fora
Chove em vários pontos de BH: veja quais locais evitar devido ao risco de alagamento
Sobe para sete o número de mortes causadas pelas chuvas em Minas