(André Brant)
Causa direta de 130 mil mortes ao ano no Brasil, o tabagismo deve manter o alto índice de óbitos por pelo menos mais uma década. Apesar de a tendência atual ser de redução do número de fumantes, uma boa parcela de dependentes do tabaco ainda sentirá as consequências do mau hábito nos próximos anos. Esta sexta-feira (29) é o Dia Nacional de Combate ao Fumo.
“Atualmente, as políticas públicas contrárias ao cigarro têm contribuído para reduzir ou evitar o vício entre os mais jovens. Porém, muitas pessoas fumam há mais de 30, 40 anos e poderão desenvolver doenças associadas ao tabagismo, contribuindo para a manutenção das taxas de mortalidade”, afirmou Ricardo de Amorim Corrêa, coordenador da Comissão de Infecções Respiratórias da Sociedade Brasileira de Pneumologia.
Segundo ele, Minas acompanha a média nacional, que mostra uma taxa de 12% da população dependente do cigarro. Para o pneumologista, as restrições da legislação, como a lei antifumo, e as campanhas publicitárias colocam o Brasil como referência no combate ao tabagismo no mundo.
Mesmo não sendo visto como um bom hábito, muitos jovens ainda fumam, principalmente quando estão entre amigos. Para o estudante Henrique Vital, de 19 anos, as boas rodas de conversa sempre precisam contar com um cigarro.
“Antes, era pelo charme de fumar. Hoje, tem a questão social. No bar, sempre acendo um cigarro para descontrair. Eu comecei a fumar porque todos os meus amigos fumavam”, disse.
Carine Pacheco, de 22 anos, é uma exceção entre a turma. Ela não fuma e se sente acostumada com a fumaça. “Só quando tem muita fumaça é que fico mal”.
Para muitos adultos, o vício foi abandonado em benefício da saúde. Terezinha Silva, de 47 anos, diretora de vendas, fumou desde os 15. Durante a gravidez do segundo filho, ela decidiu abandonar o hábito.
“Percebi que fumar não me fazia bem e me determinei a parar. Hoje, sou uma pessoa muito mais disposta”, afirmou. Há mais de 16 anos, ela abandonou o vício. “Comecei muito nova. Naquela época, era muito chique fumar”, conta.
A amiga Ângela Randazzo, de 60 anos, largou o cigarro há mais de dois anos, após ter um começo de enfisema pulmonar. “O médico falou que, se continuasse, ia morrer. Depois disso, não fumei mais. Virei outra pessoa, foi a melhor coisa que fiz na vida”.
Redução das internações
O cigarro é responsável por grande parte das internações por doenças respiratórias no Brasil.
Lançado em julho, o programa Respira Minas, da Secretaria de Estado de Saúde, pretende reverter esse quadro. Serão investidos R$ 50 milhões.
Com foco na atenção primária, o projeto pretende aumentar a qualidade de vida dos doentes e apoiar os profissionais da saúde no reconhecimento e no manejo das enfermidades.