Lagoa da Pampulha convive com problema histórico de poluição (Lucas Prates / Hoje em Dia )
Não é de hoje que a Lagoa da Pampulha pede socorro. Um dos mais icônicos cartões postais da capital sofre, há décadas, com o despejo de esgoto doméstico clandestino, que provoca assoreamento e coloca em risco a saúde da população, a fauna e a flora.
Da área total da Lagoa de 98,4 Km², 44% estão em BH e 56%, no município de Contagem, onde nasce mais da metade dos rios que desembocam na Lagoa e também onde se concentra o maior número moradores de vilas e favelas ligadas à bacia.
E o grande desafio da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) para combater o lançamento inadequado do esgoto de quase dez mil residências é convencer os proprietários de imóveis, que resistem à interligação dos domicílios à rede de esgotamento sanitário, para não ter de pagar a taxa de saneamento básico.
No ano passado, diante da ameaça da Pampulha perder o título de Patrimônio Cultural da Humanidade da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura ( Unesco), a Procuradoria-Geral do Município de Belo Horizonte (PGMBH) chegou a ajuizar uma Ação Civil Pública na Justiça Federal, para forçar a busca de uma solução para o problema da poluição.
Na época, a Copasa declarou que, desde 2016, vem realizando obras que envolveram recursos da ordem de R$120 milhões, para ampliar a disponibilidade dos serviços de esgotamento sanitário a mais domicílios. Segundo a companhia, “de outubro de 2017 a abril de 2021, foram interligados ao sistema de esgotamento sanitário da Copasa 26.859 imóveis localizados na Bacia Hidrográfica da Pampulha”, divulgou em nota.
Ainda segundo a empresa, mais de 95% do esgoto gerado na Bacia Hidrográfica da Pampulha é interceptado e tratado. Para atingir esse percentual, a Companhia implantou mais de 100 quilômetros de redes coletoras e interceptoras.
Construiu nove estações elevatórias que possibilitam a coleta, a interceptação e o encaminhamento do esgoto gerado pelos imóveis da bacia contribuinte da Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte e em Contagem, para a Estação de Tratamento de Esgoto - ETE Onça.
Mas, para atingir 100% de coleta e interceptação do esgoto seriam necessárias ações, em conjunto com os municípios de Belo Horizonte e Contagem. Nesta quinta-feira (7), as prefeituras dos dois municípios e a Copasa assinam um convênio para implementação do Plano de Ação para Despoluição da Lagoa da Pampulha.
As ações serão focadas nas moradias para promover a ligação de esgoto, em áreas que já dispõem de rede coletora mas que não estão conectados a ela, lançando material nos principais afluentes da lagoa - o Ribeirão Sarandi (o maior contribuinte) na região da Ressaca e o ribeirão Bom Jesus (ou Água Funda) na região do Nacional, ambos no município de Contagem.
A meta é que sejam realizadas 9,7 mil novas ligações: 7 mil em Contagem e 2,7 mil em Belo Horizonte.
O plano que tem duração prevista de cinco anos prevê investimentos da Copasa de R$ 146,5 milhões, em manutenções e melhorias, obras de expansão de rede e ligações previstas, além da quarta etapa do programa de despoluição.
Obras já contratadas têm previsão de 800m de rede coletora e 1.290m de interceptores e as ligações domiciliares nas vias a serem atendidas.
No encontro, a Copasa irá apresentar o Plano de Ação - Sistema de Esgotamento Sanitário da Bacia da Lagoa da Pampulha, que vem sendo construído desde 2021.
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