Corrida de obstáculos para tirar a carteira em Belo Horizonte

Izabela Ventura - Hoje em Dia
13/11/2013 às 08:02.
Atualizado em 20/11/2021 às 14:07

(Toninho Almada)

As áreas de exame prático para obtenção da carteira de habilitação não precisavam retratar com tamanha fidelidade a realidade das ruas de Belo Horizonte. A falta de sinalização e a presença de buracos influenciam diretamente no resultado dos exames, segundo avaliação do Sindicato dos Proprietários de Centro de Formação de Condutores de Minas Gerais. Ofício da entidade encaminhado ao vice-prefeito Délio Malheiros solicita melhorias, especialmente no circuito do bairro Bandeirantes, na Pampulha.

A reportagem do Hoje em Dia percorreu também outros dois pontos de exame e constatou que a situação não é menos vexatória. No circuito do bairro Alípio de Melo (Noroeste), a rua dos Metalúrgicos, onde o teste de baliza é feito, é estreita e esburacada. O calçamento de pedra também não ajuda. Na terça-feira (12), dia de exame, uma rampa para cadeirantes foi improvisada com pedras.

Cratera

Na rota do Nova Gameleira (Oeste), o candidato à CNH precisa, além de dominar o volante e vencer o nervosismo, desvencilhar-se de uma cratera na rua Miguel Gentil, e aguçar os olhos para frear antes da apagada faixa de pedestres. Para piorar, o movimentado cruzamento com a rua Nícias Continentino está sem sinalização.

Segundo o Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG), responsável pela aplicação do exame, a sinalização adequada é um dos pré-requisitos na escolha dos locais de provas. O órgão afirma que a estrutura das rotas escolhidas para carros não atrapalha o desempenho dos alunos.

Porém, os problemas são evidentes, como na rota da Pampulha, onde falta placa de “pare” e sinalização no asfalto, no cruzamento das ruas Professor Alberto Deodato com Major Messias Menezes. Na esquina com a rua Sebastião Antônio Carlos, a visibilidade de uma placa de “pare” está comprometida por uma árvore.

Sem conservação

Outro problema é o asfalto esburacado, especialmente nos pontos de baliza da Professor Alberto Deodato. “Os alunos ficam prejudicados ao ter de fazer baliza dentro de um buraco. Há dois meses, uma candidata perdeu o controle da direção e bateu o carro por causa de um deles”, conta o instrutor e dono de autoescola Davidson Ferreira.

O Detran frisa que a infraestrutura dos locais de prova é de competência da PBH, e que cobra melhorias sempre.

Cair em ‘crateras’ é reprovação na certa

Aprovado no exame de direção na terça-feira (12), na área do bairro Alípio de Melo, Ailton Assis, de 41 anos, atribuiu o sucesso ao fato de ter realizado a baliza longe de um buraco. Na tentativa anterior, disse, o carro ficou preso em um buraco na mesma rua. “Achei que tivesse batido num cone e o carro morreu. Levei bomba, claro”, conta, agora bem-humorado, já que está com o documento em mãos.

A candidata Márcia Helena Oliveira, de 40 anos, torce para não chover no dia do exame, daqui a alguns dias, na Pampulha. “Com a rua alagada, os buracos podem ser um problema”.

Com exame prático marcado para hoje, Íris Maria Bastos, de 37 anos, não estava muito otimista. Ontem, ela esteve com o instrutor na rua Professor Alberto Deodato (Pampulha) para praticar baliza, mas deixou a roda do carro ficar presa num buraco da mesma rua.

Segundo o Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG), de janeiro a julho deste ano foram reprovados em exame de prática veicular, apenas em Belo Horizonte, 66.689 candidatos, o que corresponde a 69% do total.

Examinadores

Para o presidente do Sindicato dos Empregados e Instrutores de Auto Escolas dos CFCs de Minas Gerais (Seame), Marco Jesuíta, as áreas de exame estão sem estrutura mínima, atrapalhando, inclusive, a banca examinadora.
 

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