(Marcelo Ramos)
“Correr” com o conteúdo em apenas um semestre ou adiar o fim do ano letivo para 2021? Para os pais de alunos matriculados em escolas privadas da Grande BH, eis a questão. A possibilidade de estender o calendário letivo foi aventada nesta quarta-feira (22) pelo sindicato que representa as instituições de ensino, o Sinep, deixando muita gente apreensiva.
A entidade até sugeriu aos colégios anteciparem para maio os recessos de feriados e férias de julho. A medida busca amenizar os prejuízos aos estudantes.
Os pais estão sendo comunicados. Na semana passada, a rede Coleguium, na capital, avisou, por e-mail, que a reposição referente a 18 a 31 de março será realizada em dezembro e em alguns sábados letivos, encerrando o período escolar a dois dias do Natal. As férias de julho foram antecipadas para 18 de maio a 1º de junho.
O Colégio Arnaldo também mudou as férias de julho para maio. Diretora da unidade, Cléa Prado diz que a escola trabalha com três cenários de retomada as atividades: 2 de junho, 2 de julho e 2 de agosto. “Nos dois primeiros casos, teremos aulas de segunda a sábado e a previsão é terminar o conteúdo ainda em 2020, mas será bem apertado. Voltando depois, no entanto, é bem possível estendermos para 2021”.
Cautela
Ainda é cedo saber o que, de fato, deve acontecer, alertam especialistas. Para a psicopedagoga Fabiana Júlia Soares, não é o momento para decidir o próximo ano. Cautela é necessária, já que até o próprio aluno pode ser afetado em meio a tanta ansiedade.
“Tem escola que preferiu dar férias e retomar em julho. Outras estão se empenhando em plataformas digitais, com os professores dando respaldo. Não é totalmente como é na escola, mas é o que é possível fazer neste momento”, destaca Fabiana, que também é neuropsicóloga.
Mãe de Vinícius Iglesias, de 9 anos, Bruna Moreira Faria, de 38, acredita que, se necessário, não há problema com a ampliação do período escolar até 2021. “Por mais que esforcem, tenham aulas aos sábados, a criança está passando por uma carga emocional grande nesta adaptação. As medidas já adotadas, como as videoaulas, são interessantes, mas não é a mesma coisa de estar em sala de aula. O conteúdo não será aproveitado da mesma forma. O sensato para os pais é entender que o mais viável será recomeçar mesmo (o período letivo”.
Diretora vice-presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia – Seção São Paulo, Andréa Racy não descarta a possibilidade de haver perda de conteúdo. “Talvez não dê, por exemplo, para dar 30 aulas como o planejamento inicial. Mas podem ser dadas 20 aulas com conteúdos prioritários para a continuidade do aprendizado”, diz. Ela reforça que as unidades já se preparam para o retorno dos alunos e planejam a extensão da carga horária, podendo utilizar o recurso on-line para essa complementação.
Segundo a especialista, é preciso pensa que o livro não é única fonte de aprendizagem para a criança. “Lógico que essa ferramenta é muito importante. Porém, a vivência da criança também é muito rica. Em vez de falar ‘o meu filho perdeu conteúdos’, veja o que ele ganhou nesse tempo em isolamento social. Quantas competências e habilidades socioemocionais ele pode aprender com essa vivência”.
Leia Mais:
Estados buscam soluções para manter período letivo
Pais e educadores discutem estratégia de ensino infantil em casa
Teleaula deve alcançar 1 milhão de estudantes em Minas; SindUTE é contra