Crianças em risco: casos de síndrome rara associada à Covid sobem 236% em dois meses no Estado

Renata Galdino
rgaldino@hojeemdia.com.br
12/11/2020 às 21:45.
Atualizado em 27/10/2021 às 05:01

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Os casos confirmados de Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P) associada à Covid-19 cresceram 236% em dois meses. Em 1º de setembro, eram 11 crianças e adolescentes diagnosticados com a doença. O último boletim divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES), esta semana, indicou que já são 37. Nenhuma morte foi registrada.

A enfermidade tem acometido pessoas de 0 a 14 anos. Conforme os dados, a maioria é do sexo masculino (62%) e não tinha histórico de comorbidades (86%).
Presidente do Departamento Científico de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o infectologista Marco Aurélio Sáfadi explica que a síndrome é decorrente da inflamação causada pelo novo coronavírus no corpo. “Não é tanto ação direta do vírus, o quadro (da SIM-P) não coincide com o tempo de infecção pela Covid, mas ocorre semanas depois da infecção. Na maioria dos casos, nem se detecta o vírus no organismo, mas são os anticorpos (identificados em exames) que indicam ter havido infecção anteriormente”.

O médico diz que, pelo que já se sabe sobre a doença, é consequência da reação imune que o organismo desencadeia frente à Covid-19. “Algumas crianças, ainda não sabemos o porquê, parecem ter uma reação imune desequilibrada e formam anticorpos que, ao invés de protegê-las, geram intensa reação inflamatória”.<EM>

Socorro
A síndrome acomete vários órgãos, dentre eles coração, sistema nervoso, pulmão, pele, olhos e trato gastrointestinal. Febre elevada e persistente, que pode estar acompanhada de vômito, diarreia e dores abdominais, é o principal sinal de que algo não vai bem.

Quem apresenta os sintomas deve ser encaminhado a um pediatra. O tratamento passa pela administração de imunoglobulina endovenosa, corticoides, imunomoduladores e anticoagulantes.

O infectologista pediátrico Marco Aurélio destaca que um a cada cem pacientes que desenvolvem a síndrome pode vir a óbito. A morte de uma criança de 11 anos, no primeiro semestre, por exemplo, virou alvo de um estudo realizado por médicos da Universidade de São Paulo (USP). Sem problemas de saúde prévio, a menina foi internada em estado grave no Hospital das Clínicas da instituição, mas não resistiu. 

Nas análises, os pesquisadores descobriram presença de partículas do novo coronavírus em células musculares cardíacas da paciente, determinando uma relação causal entre a Covid-19 e a SIM-P.

Os casos de SIM-P são acompanhados pelo Centro de Informação Estratégica de Vigilância em Saúde. Segundo a SES, os serviços de saúde são orientados a sobre a necessidade de notificação imediata da síndrome 
em até 24 horas

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