Estudantes sem condições de arcar com mensalidades em escolas preparatórias para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) têm a oportunidade de aprimorar o conhecimento de graça. Até amanhã, eles poderão se inscrever no curso Humanizar, projeto de extensão da graduação de história da UFMG, realizado no campus Pampulha, em Belo Horizonte.
Criado por iniciativa de dois universitários, o pré-vestibular comunitário abriu as portas em abril com duas turmas. As aulas são ministradas por pessoas matriculadas em cursos da própria Federal, inclusive do mestrado e doutorado. O trabalho é voluntário.
“Nosso objetivo é incluir estudantes de baixa renda em universidades, preferencialmente na UFMG. Temos um dever em contribuir com a formação deles”, frisa a coordenadora pedagógica do Humanizar, Ana Flávia Mourão, uma das idealizadoras do projeto.
Todo o conteúdo exigido no Enem é ministrado em sala de aula, diz Ana Flávia. Mas o ensino vai além. “Damos uma formação humanística. Queremos que os alunos não somente aprendam o conteúdo para fazer o exame, mas que também entendam a realidade em volta deles. Para isso, trabalhamos temáticas em evidência, como por exemplo a intervenção militar no Rio de Janeiro”.
O Humanizar também está selecionando monitores para tirar dúvidas dos estudantes. Podem participar alunos matriculados na universidade
Requisitos
Pode participar do preparatório quem fez todo o ensino médio em escolas públicas da região metropolitana e tenha renda familiar de até um salário mínimo e meio per capita. A inscrição é feita em formulário on-line disponível no site humanizar.strikingly.com. São ofertadas 40 vagas para ingresso no segundo semestre.
A lista dos pré-selecionados será divulgada em 29 de julho. As matrículas acontecem em 2 de agosto, quando os estudantes terão que apresentar a documentação que comprove os dados declarados no cadastro.
A previsão é a de que as aulas comecem no próximo dia 6, com carga horária de segunda a sexta-feira, à noite. Até lá, os coordenadores do Humanizar têm um grande desafio: combater a evasão.
Ana Flávia revela que, dos matriculados no cursinho em abril, apenas 30 continuam os estudos. A queda, segundo ela, decorre da falta de dinheiro. Muitos deles não conseguem bancar nem mesmo a passagem para ir até o pré-Enem.
Na tentativa de evitar a saída dos candidatos, o projeto pleiteia parceria com uma ONG para a concessão de bolsa transporte. Terão direito ao benefício os alunos mais carentes. “A situação de cada um será avaliada”, garante a coordenadora pedagógica.