Adquiridos há sete anos para facilitar o trabalho de monitoramento e patrulha da Guarda Municipal em Belo Horizonte, os segways (patinetes motorizadas), estão sumidos dos logradouros da capital. A fragilidade do material e o elevado custo de manutenção dos equipamentos são alguns dos motivos que impedem o pleno desempenho de suas funções.
Em 2008, quando todos os segways foram adquiridos pelo valor de R$ 300 mil, a administração municipal havia anunciado que as patinetes iriam ser empenhadas no monitoramento de trânsito e nos parques. A ideia era que o serviço otimizasse o patrulhamento da Guarda Municipal.
Três meses depois da entrega dos equipamentos, a promessa era a de que os veículos auxiliassem no combate à depredação do patrimônio público. Na época, os segways chegaram a circular nas praças da Estação e Rui Barbosa, mas pouco tempo depois foram tirados de circulação.
Guardadas
Atualmente, dos 12 segways do município, quatro estão em manutenção e seis guardados, sem uso, segundo fontes ligadas à Guarda Municipal. Outras duas patinetes estão empenhadas no monitoramento da Rodoviária de BH e no Parque Municipal, sendo a última utilizada apenas em grandes eventos.
Uma explicação para a falta de uso pode estar no alto custo da manutenção. De acordo com uma empresa especializada, uma única visita à oficina pode resultar em um custo entre R$ 5 mil a R$ 12 mil, alto em relação ao preço de um segway novo, atualmente em torno de R$ 25 mil.
O uso da patinete é visto com reserva pelos servidores da corporação. O equipamento não pode ser utilizado em piso irregular e nem na chuva.
“O segway é muito frágil, pouco resistente à água e anda bem apenas em pisos lisos. Qualquer descuido compromete o funcionamento”, explica um agente, que pediu anonimato. Procurada, a Guarda Municipal não se pronunciou sobre o assunto.
Planejamento e estudo sobre a tecnologia evitaria desperdício de recursos públicos
Para o presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte (Sindibel), Israel Arimar, a inutilidade dos veículos motorizados representa falta de planejamento com os recursos públicos. “Acredito que o município não fez estudos suficientes que apontariam a real necessidade de ter esse tipo de equipamento e nem mesmo avaliou a respeito dos custos de manutenção”.
O presidente do Sindibel afirma que outros equipamentos poderiam ser utilizados para o suporte no monitoramento da Guarda Municipal. “As bicicletas, por exemplo, seriam melhores do que as patinetes, que são frágeis e que não andam em pisos irregulares”.
Para o sociólogo e especialista em segurança pública do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública (Crisp) da Universidade Federal de Minas Gerais, Bráulio Figueiredo, a aquisição de tecnologia para a área de segurança pública, deve ser feita com cautela.
“É preciso levar em consideração se a tecnologia escolhida e se de fato atende as necessidades do meio que será inserido, seja uma arma, um equipamento de mobilidade ou mesmo um sistema de monitoramento”, disse.
Figueiredo explica que o ideal é avaliar opções mais baratas para ter um investimento melhor em segurança pública.