O quão longe a dança pode levar uma pessoa? No caso da mineira Laura Mendes, uma bailarina profissional de 23 anos, a distância foi superior aos 8 mil quilômetros entre Belo Horizonte e Chicago, nos Estados Unidos, onde ela se tornou a estrela de uma das mais prestigiadas companhias.
Laura sempre foi apaixonada pela dança. Na infância no bairro Santa Rosa (Pampulha), até praticou natação. Porém, os olhos brilhavam em outra direção. “Pedi aos meus pais para deixar a natação. Queria experimentar a dança, pois era o que meu coração queria”.
A decisão não poderia ter sido mais acertada. Laura logo se apaixonou pelos ritmos e coreografias. E em um estúdio de dança no bairro deu os primeiros passos. “Foi o momento que meu coração acelerou e eu vi o que era alegria de verdade. Era o que me fazia bem e o que eu queria para a minha vida”.
Dito e feito. Começou a participar de concursos para se destacar na área. “Minha professora ficou no pé dos meus pais para eu iniciar os concursos nacionalmente. Com meus solos, fui ganhando reconhecimento e aí a proporção ficou maior”, conta a dançarina.
Filha de um professor universitário e de uma servidora pública, aos 15 anos Laura foi emancipada para poder viajar o Brasil participando de concursos de dança e se destacou, inclusive, em um dos maiores festivais do mundo.
“Ganhei o troféu de segundo lugar no Festival Internacional de Dança de Joinville (SC), considerado o segundo maior do mundo desde 2005, de acordo com Guinness Book of Records. Isso me deu ainda mais visibilidade e ânimo”.
A garota começou a ser chamada para fazer propagandas, eventos e testes em diversos grupos. Até que, aos 18 anos, alcançou o sonho de ir para os EUA. “Fui com R$ 300 no bolso e apenas duas malas. Queria conquistar meu espaço em um lugar que valorizasse a arte”, diz.
Mais uma vez a belo-horizontina conquistou o próprio espaço, chegando ao Visceral Dance Chicago. É a única brasileira a integrar esse prestigiado grupo americano. “Em uma turma com apenas três negras, não foi fácil”.
Hoje Laura é solista na companhia, protagonizando o espetáculo “Carmen.maquia”, coreografia do renomado Gustavo Ramirez Sansano. “Foi nesse momento que percebi que valeu a pena. Faria tudo de novo”.
E o futuro? “Sou muito nova e a dança tem muitas possibilidades. Quero dançar até não poder mais. Nunca parar de crescer como pessoa e na minha profissão, ser exemplo para as futuras gerações, para as dançarinas negras que ainda estão começando”, planeja a mineira.
“A dança é parte de mim. Representa eu ser a única pessoa a ter um emprego fora do Brasil na minha família, representa a realização de um sonho, a minha independência”.
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