Deficientes mostram sua força por uma melhor qualidade de vida

Thais Mota - Hoje em Dia
29/09/2013 às 08:06.
Atualizado em 20/11/2021 às 12:52

Emoção, superação e respeito ao próximo. Estes foram os sentimentos presentes na 20ª Corrida Rústica para Pessoas com Deficiência que reuniu cerca de 1.200 alunos atletas de vários pontos da Capital e da Grande BH. O evento, realizado todo ano pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), aconteceu nesse sábado (28), na avenida Afonso Pena, no Centro.   Colegas na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Caeté, na Grande BH, os atletas Matheus Henrique Simão, de 13 anos, Allen Rodrigo Franci, de 10, e Rodrigo Ferreira Raimundo, de 11, correram juntos e a felicidade na chegada era contagiante. Os três são cadeirantes e participaram do evento na companhia dos familiares. "Esta já é a segunda vez que Matheus participa. Ele acha que é um corredor e isso é muito gratificante pra gente", conta Consuelo de Fátima, orgulhosa do filho.


Matheus Allen e Rodrigo correram juntos com suas famílias (Foto: Thaís Mota/Hoje em Dia)   Já João Francisco Ferreira, de 10 anos, era só alegria carregando sua medalha no pescoço. "Eu empatei com uma menina. Nós chegamos juntos", conta todo entusiasmado. Ao perguntar à mãe, Ana Lúcia Ferreira, se ele empatou em primeiro lugar, ela responde: "Não, ele chegou foi em último lugar".   O exemplo de João Francisco reflete exatamente o espírito do evento, em que o importante é participar e se divertir. Ele possui uma doença rara conhecida como miopatia congênita e faz tratamento desde os seis anos de idade, quando foi feito o diagnóstico.


João Francisco comemorou o empate no último lugar como se tivesse vencido (Foto: Thaís Mota/Hoje em Dia)   Ele estuda na Apae de Congonhas, na região Central de Minas, e veio pela primeira vez participar da Corrida Rústica, na etapa dos 50 metros. A vontade da família é de voltar no ano que vem. "Se Deus quiser, ano que vem estaremos aqui novamente", garante Ana Lúcia.   Há apenas um mês treinando atletismo, Anderson Aparecido da Silva, de 22 anos, participou da prova de 200 metros e ganhou até elogio da professora e treinadora, Ana Leonídia da Silva. "Ele foi muito bem e essa prova foi um treinamento para o Jimi (Jogos do Interior de Minas) em que ele vai participar pela primeira vez entre os dias 15 e 17 de novembro em Ipatinga", conta a treinadora, que trabalha no programa Viva Esporte, em Betim.


Anderson foi muito elogiado pela professora Ana Leonídia, sua treinadora (Foto: Thaís Mota/Hoje em Dia)   "Essa foi uma ótima ideia e Deus me deu força para chegar até aqui", conta o jovem. Ao final do evento, ele garantiu que participará das próximas edições, assim como Gelbert Wilmerson de Sousa Evangelista, de 22 anos, que corre há pelo menos cinco anos no evento.   Ele já viajou para correr em Brasília e São Paulo e foi terceiro lugar em uma corrida realizada em Contagem. Com encefalopatia crônica não progressiva, decorrente de um erro médico ao nascer, Gelbert tem no esporte uma oportunidade de melhorar sua fala e coordenação motora.


A prática de esportes tem ajudado Gelbert e superar a dificuldade de fala e coordenação motora (Foto: Thaís Mota/Hoje em Dia)   "Hoje ele faz natação, judô e atletismo três vezes por semana, mas ainda sente muito com a falta de incentivo no esporte para deficientes", afirma a mãe, Rosa Aparecida de Oliveira Evangelista, que sonha com o filho na equipe profissional da Escola Estadual Sandra Risoleta.   Ao final da corrida, todos os participantes saíram vitoriosos e carregando no peito uma medalha. "A corrida começou em uma época em que as pessoas com deficiência não eram sequer reconhecidas e hoje estão aqui, correndo na rua. Mas a luta contra o preconceito ainda é uma longa batalha", diz a professora de Educação Física e uma das colaboradoras na realização do evento, Cláudia Barsand de Leucas.

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