Delegado pede mais prazo para concluir inquérito da queda de viaduto da av. Pedro I

Hoje em Dia
Publicado em 09/12/2014 às 15:05.Atualizado em 18/11/2021 às 05:19.
 (Eugênio Moraes/Hoje em Dia)
(Eugênio Moraes/Hoje em Dia)
O delegado Hugo e Silva pediu mais prazo à Justiça para concluir as investigações da queda do Viaduto Batalha dos Guararapes. O inquérito deveria ser entregue nesta quarta-feira (10). A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa da Polícia Civil (PC), que informou também que o pedido foi feito nessa sexta-feira (5).
 
A PC, porém, não informou qual foi o novo prazo pedido por Silva para finalizar as investigações. O viaduto caiu em 3 de julho, na avenida Pedro I, na região da Pampulha, em Belo Horizonte. A tragédia deixou dois mortos e 23 feridos.
 
Essa é a segunda vez que o delegado pede a dilatação do prazo para conclusão do inquérito sobre a queda do viaduto. Em setembro, Silva já havia solicitado mais 90 dias para apurar o caso. 
 
Laudo da Polícia Civil
Apesar do inquérito ainda não ter sido finalizado, a Polícia Civil (PC) já apontou algumas das possíveis causas do acidente. A redução na quantidade de materiais utilizada na construção do viaduto “Batalha dos Guararapes" seria uma dessas causas que levou o elevado a desabar, na avenida Pedro I. A conclusão consta no laudo técnico do Instituto de Criminalística da Polícia Civil de Minas Gerais, que aponta que houve erros de cálculo dos materiais usados no viaduto. A informação foi confirmada em 28 de agosto pela PC.
 
Segundo a PC, o laudo aponta também problemas referentes ao tamanho dos blocos da estrutura. Já a análise do terreno no entorno do pilar que cedeu não mostra causalidade entre o solo e a queda da estrutura.
 
Laudo da Consol
 
A Consol afirmou, em 29 de agosto, que o seu projeto original para a construção do viaduto “Batalha dos Guararapes”, na avenida Pedro I, não foi executado. A empresa alegou ainda que não acompanhou a execução da obra do elevado, pois o contrato firmado com a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) foi encerrado em março de 2013. As afirmações foram feitas um dia depois da divulgação de parte do laudo do Instituto de Criminalística da Polícia Civil de Minas Gerais, que apontou que houve erros de cálculo dos materiais usados no viaduto. O projeto foi executado pela construtora Cowan. 
 
Em nota enviada à imprensa, a consultora Consol listou algumas das alterações realizadas durante as obras e que não estariam previstas no projeto. De acordo com a empresa, foram feitas mais de 40 aberturas (janelas) na laje superior da estrutura, sendo que algumas com dimensões superiores a 2 metros de largura. A Consol alegou que o projeto previa apenas duas aberturas com dimensões de 0,60 x 0,60 metros na laje inferior. A consultora disse que o sistema de protensão (técnica que objetiva aumentar a resistência das estruturas) utilizado não foi o indicado no projeto e reforçou que a protensão não poderia ser executada com essas mais de 40 janelas abertas.
 
Além disso, a empresa explica que os aparelhos de apoio usados não são os indicados e que as cunhas de nivelamento para os apoios não foram construídas conforme o projeto. Por fim, a Consol relata que foram construídas vigas e paredes transversais dentro da estrutura que também não estavam indicadas em seu projeto.
 
“A Consol novamente contesta o laudo apresentado pela Cowan, de autoria do engenheiro Catão Francisco Ribeiro, inclusive por não conter uma análise completa da estrutura. Está escrito literalmente nas suas conclusões: 'não foi escopo deste relatório a análise de outros apoios, assim como a superestrutura que contempla os tabuleiros do Viaduto de Acesso, do Viaduto Principal e do Ramo Norte'”, diz a nota da consultora.
 
Para a Consol, houve a retirada forçada do escoramento com as janelas abertas. “Tal procedimento é totalmente inadequado e imprudente. Cumpre destacar que medidas de simples precauções e recomendadas pela boa técnica deveriam ter sido observadas. A interrupção do tráfego durante a retirada do escoramento teria sido suficiente para eliminar o risco de morte e feridos”, afirma a consultora.
 
Laudo da Cowan
 
A construtora Cowan, responsável por executar o projeto do viaduto, apresentou, em 22 de julho, um laudo pericial sobre o projeto do viaduto “Batalha dos Guararapes”. 
 
Na ocasião, a empresa informou que foram detectadas falhas de concepção do projeto executivo feito pela Consol, o que provocou a queda do ramo sul do viaduto. O documento do projeto avaliado pela construtora foi fornecido pela Sudecap.
 
A construtora Cowan informou que um erro de planejamento do projeto executivo, que apontava a quantidade de aço que deveria sustentar o pilar do viaduto, foi a principal causa do desabamento. Com o erro, um dos pilares afundou, provocando a tragédia. Segundo a Cowan, foi usado apenas um décimo do aço necessário para a construção do bloco de um dos pilares de sustentação do viaduto.
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