(Maurício Vieira)
Fortes chuvas e altas temperaturas, típicas desta época do ano e que ficaram mais intensas na capital desde outubro, podem ter influenciado no aumento das larvas do Aedes aegypti, vetor da dengue, zika e chikungunya. A presença do mosquito nos imóveis de Belo Horizonte chegou a 1%, índice classificado como “alerta” pelo Ministério da Saúde.
Na prática, significa dizer que, a cada cem residências pesquisadas, uma está infestada. A informação é do secretário-adjunto de Promoção e Vigilância em Saúde da metrópole, Fabiano Pimenta.
Além disso, a atenção é redobrada para a circulação do chamado vírus 2 da dengue, identificado em duas amostras coletadas neste ano. O sorotipo não acomete os moradores desde 2010.
Na Semana Nacional de Combate ao Aedes, a prefeitura de BH instituiu ontem um grupo que irá articular ações de controle. Organizada pela Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), a equipe contará com servidores de várias pastas. Reuniões semanais serão realizadas.
A ideia, conforme o secretário-adjunto, é que as ações sejam direcionadas aos locais que precisam de maior vigilância, como as regionais Norte e Venda Nova. “Por terem residências mais baixas que o restante da cidade, estas áreas apresentam um histórico de infestação maior do mosquito, o que demanda mais atenção”, afirmou Fabiano Pimenta.
O detalhamento das regiões mais infestadas na cidade só é possível após a divulgação do Levantamento do Índice Rápido do Aedes aegypti (LIRAa), mas a prefeitura ainda não divulgou os dados.
Perigo
Vice-presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Antônio Carlos Júnior sustenta que o clima e a circulação do tipo 2 obrigam maior colaboração das pessoas no combate ao vetor.
“Como esse subtipo não é muito comum, então temos um menor número de pessoas com imunidade a ele. Se temos mais mosquitos e um vírus mais pesado, a transmissão da doença pode ser mais veloz”, comentou.
Em meio a esse alerta, a prefeitura prevê entradas compulsórias em imóveis nos quais a Vigilância Sanitária esteja impedida de ter acesso.
“Vamos manter uma forma de atuar como a que temos atualmente, contudo, a Secretaria de Saúde ainda vai regulamentar essa questão, uma vez que o decreto de emergência do zika vírus, que tinha abrangência nacional e respaldava as vistorias compulsórias, já deixou de valer”, explicou Pimenta.
Anualmente, 4 milhões de visitas são feitas por técnicos em buscas de focos da dengue na cidade. Em alguns imóveis, porém, os responsáveis não são localizados ou sequer existem moradores.
“Nesses casos, o grupo vai solicitar a visita noturna de membros da Defesa Civil para marcar um horário com alguém da casa para a vistoria. As entradas compulsórias só serão feitas em casos extremos e, mesmo assim, o dono será notificado das tentativas da prefeitura”, acrescentou o secretário-adjunto.
Segundo o Ministério da Saúde, entre 80% a 85% dos focos do mosquito estão em residências. Editoria de Arte