Pesquisadores mineiros descobriram um produto 50% mais barato capaz de substituir o gesso mineral utilizado na construção civil e, de quebra, proteger o meio ambiente. As principais matérias-primas, ambas altamente poluentes, são lama de cal – resíduo da indústria de celulose – e líquido de baterias descartadas.
Cerca de 50 milhões de litros de ácido sulfúrico são descartados incorretamente a cada ano nas baterias automotivas jogadas fora no país. E considerando que a produção brasileira de celulose é de cerca de 18 milhões de toneladas, a proporção estimada é de 4,5 milhões de toneladas de lama de cal residual produzidos.
“As possibilidades de minimizar o impacto ambiental, portanto, são a redução da extração do mineral gipsita (base do gesso mineral), além da reutili-zação e da reciclagem de dois resíduos industriais gerados em larga escala”, comemora o coordenador da pesquisa, o professor Alexandre Sylvio, da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), com sede em Teófilo Otoni.
Segundo Alexandre Sylvio, a mistura da lama de cal ao ácido sulfúrico gera o sulfato de cálcio, de estrutura química semelhante à do gesso. O pesquisador acredita que até meados do próximo ano o produto estará disponível para o mercado.
IMPACTOS AMBIENTAIS
De acordo com o pesquisador Alexandre Sylvio, o descarte indevido dos resíduos de gesso pode contaminar lençóis freáticos (reservatórios subterrâneos de água). “O resíduo do gesso é constituído de sulfato de cálcio di-hidratado. A facilidade de solubilização promove a sulfurização (fica mais ácido) do solo e a contaminação das águas superficiais e subterrâneas”.
O descarte em lixo comum também é perigoso. A reação química dos componentes do gesso pode torná-lo inflamável em ambiente de elevada umidade, associado à presença de oxigênio e de bactérias redutoras de sulfato. A incineração do material, por sua vez, pode produzir o dióxido de enxofre, um gás tóxico.
“Pesquisas de campo até o momento se mostraram extremamente promissoras, com o material podendo substituir integralmente o gesso”, aposta o pesquisador.