Desorganização fez desfiles de BH só serem decididos na última hora

Patrícia Santos Dumont - Do Hoje em Dia
09/02/2013 às 10:07.
Atualizado em 21/11/2021 às 00:52

(Frederico Haikal/ Hoje em Dia)

Embora Belo Horizonte seja uma das principais capitais brasileiras, o poder público ignora a maior festa popular do país: o Carnaval. Ano a ano, a história se repete e as escolas de samba ameaçam cancelar os desfiles, diante da falta de recursos e da dificuldade para receber o dinheiro prometido pelo município.

O amadorismo da festa realizada na capital mineira esbarra também na falta de organização e de iniciativa das próprias agremiações, que ficam na dependência da oficialização dos recursos municipais.

Neste Carnaval, a situação chegou ao extremo. Ontem, poucas horas antes da abertura dos portões da Estação do Samba, no Boulevard Arrudas, restava a incerteza do desfile. Durante cinco dias, representantes das agremiações reivindicaram, em vão, o aumento do repasse do governo do Estado e da prefeitura.

Insuficiente

Das seis escolas que cruzarão a avenida na próxima segunda-feira, quatro delas – do grupo A – receberão R$ 37,5 mil e as outras duas, do grupo de acesso, apenas R$ 6.250. O prefeito Marcio Lacerda chegou a anunciar, na última quarta-feira, um investimento extra, superior em 50% ao de 2012. O repasse extra prometido às escolas – além dos R$ 25 mil iniciais seriam ofertados mais R$ 17,5 mil –, no entanto, até ontem não havia sido feito. Os blocos também reclamaram da falta de recursos.

Para representantes das agremiações, o “patrocínio” é insuficiente. “Tenho uma dívida de R$ 15 mil que não sei como será paga. Estávamos trabalhando com um orçamento e, no final das contas, recebemos outro”, desabafa o presidente da Acadêmicos de Venda Nova, Francisco José Gonçalves.

Discrepância

No total, serão aplicados no Carnaval de BH, R$ 3,5 milhões. Já no Rio de Janeiro, onde a festa de Momo é a maior e mais tradicional do país, o investimento, somente nas escolas do grupo especial, é de R$ 12 milhões – R$ 1 milhão para cada agremiação –, nesse ano.

No setor do turismo, o Carnaval deve movimentar, segundo informações da Empresa de Turismo da cidade do Rio (Riotur), US$ 665 milhões (cerca de R$ 1,3 bilhão).

Para Belo Horizonte, o Carnaval pouco representa do ponto de vista do retorno financeiro. Prova disso é que a prefeitura desconhece o impacto que a folia tem sobre a economia da cidade.

O repasse, na capital fluminense, também é feito de forma diferente do realizado em Belo Horizonte. Enquanto as escolas cariocas recebem até 80% do total dos recursos um mês antes dos desfiles aconteceram, em BH, as agremiações se endividam, aguardando o que será repassado pelo município.

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